quinta-feira, 21 de junho de 2018

Desumano e indigno

Imagem retirada da Internet
A forma com a comunicação social estado-unidense e internacional acompanhou as eleições presidenciais que colocaram Donald Trump à frente da administração estado-unidense foi responsável por aquilo que não se queria que viesse a suceder. Mas aconteceu e, como disse, a vitória de Donald Trump ficou, em grande parte, a dever-se a demonização que lhe foi feita pela comunicação social nos Estados Unidos e no Mundo. E, ao que parece não se retiraram as devidas ilações deste facto reconhecido por alguns analistas de renome internacional.
Isto a propósito da forma como a comunicação social, nos Estados Unidos e no Mundo, tem abordado a questão da separação das crianças e jovens dos seus progenitores na fronteira Sul dos Estados Unidos, por onde entram milhares de cidadãos que procuram, no exercício de um direito, emigrar.

A necessidade de serem os primeiros a informar não contextualizando a notícia e, sobretudo, omitindo alguns factos, ou talvez a formulação do conceito de “informação desmemoriada” seja mais adequada. Mas tudo isto não é anódino pois, tem objetivos bem concretos e a comunicação social é, cada vez mais, tendenciosa com efeitos que nem sempre servem os seus intentos, Ou talvez.
Ninguém fica indiferente ao choro das crianças e à violência das imagens que foram divulgadas. Não é aceitável em nenhuma parte do Mundo, não é compreensível que aconteça num país que se tem assumido como o grande paladino na defesa dos direitos humanos, uma referência da democracia e da liberdade.
Se existem algumas dúvidas, eu pelo menos ainda não consegui o esclarecimento cabal, de que a Lei da Imigração dos Estados Unidos obrigue à separação das crianças e jovens dos seus progenitores e, este atentado à dignidade humana seja responsabilidade direta da administração de Donald Trump, no entanto, não é difícil de perceber que sendo os pais detidos e indiciados por um “crime” o mesmo não se pode aplicar às crianças e jovens.

Imagem retirada da Internet
Mas, dúvidas não subsistem de que a atual Lei foi parida não por uma administração republicana, mas por uma administração “democrata”, aliás o período em que Barack Obama esteve à frente dos destinos dos Estados Unidos coincide com o período da história estado-unidense em que mais deportações foram realizadas e, a política da “tolerância zero” remonta à sua administração. Algumas das fotos dos centros de detenção do Sul do Texas, postas recentemente a circular na internet, já têm alguns anos e foram registadas durante o consulado de Barack Obama.
A política de imigração nos Estados Unidos une os democratas aos republicanos e é uma caraterística da direita política por todo o planeta, não vale a pena virem agora derramar lágrimas de crocodilo sobre as lágrimas daquela criança.
E não precisamos de mais exemplos de desumanidade do que aqueles que acontecem às portas da “nossa” Europa.
A gigantesca vaga de denúncias, que não aconteceu durante a administração Obama, já levou a que Donald Trump ordenasse a reunificação das crianças e jovens com as suas famílias.
O atual Presidente dos Estados só difere de alguns dos seus antecessores pela forma (des)cuidada como comunica, quanto à essência das políticas venha o diabo e escolha.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 21 de Junho de 2018

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