quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Não era fácil, mas aconteceu

Imagem retirada da Internet
Entre dois dos temas que tinha alinhado para hoje, a impunidade dos agressores sexuais e as eleições presidenciais no Brasil, escolho o ato eleitoral brasileiro sobre o qual, de momento, ainda não se conhecem resultados, mas as primeiras projeções apontam para uma segunda volta entre o candidato da extrema direita e o candidato apoiado pelo PT e pelo PCdoB. Este é um cenário que Bolsonaro não deseja, mas é o quadro que mantém a esperança de que o Brasil não seja entregue ao representante dos setores mais retrógrados da sociedade brasileira e que a frágil democracia daquele país possa sobreviver. Sim, é disso que se trata da defesa da democracia.
O Brasil é um país que tem dimensão e recursos, naturais e humanos, para garantir ao seu povo a dignidade que lhe tem sido confiscada por uma elite que é herdeira da estrutura colonial que cultiva a supremacia de um grupo humano sobre outros grupos humanos e, julgo que não será necessário elencar os atributos do candidato que representa esse pensamento para, nesta primeira volta, os cidadãos brasileiros terem votado em qualquer outro candidato.
Se as projeções se vierem a confirmar, Bolsonaro e toda a estratégia orquestrada, interna e externamente, para o colocar no poder sofrem uma derrota e fica aberto o caminho para que o povo brasileiro acabe com este pesadelo que não se confina às fronteiras do Brasil.
O crescimento eleitoral de personalidades e forças políticas ideologicamente próximas, ou mesmo assumidamente confessas da supremacia de um grupo humano sobre outros é, num olhar breve, inexplicável e levanta, desde logo, a questão, Será que não aprendemos nada com a história do Século XX. Mas se o olhar pousar sobre as raízes desse crescente apoio eleitoral, então talvez não seja assim tão difícil de entender, embora não deixe de ser paradoxal, pois esse apoio cresce entre as suas próprias vítimas, ou seja, as populações mais fragilizadas social e economicamente e, muitas vezes, desprovidas de direitos básicos, como por exemplo o direito ao trabalho. Mas este é um assunto que merece uma abordagem própria e hoje interessa-me olhar para o Brasil.

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Quando iniciei este texto tratava-se de um desejo, mas a esperança é já uma realidade. Os eleitores brasileiros ditaram uma segunda volta nas presidenciais brasileiras. O tal cenário que os mandantes de Bolsonaro não queriam e que o próprio tanto temia, O debate democrático. Se até agora o candidato da extrema direita fugiu ao debate e se escondeu nas redes sociais para evitar o confronto de ideias, de projetos e programas, como principal estratégia eleitoral, a partir de agora não será mais possível, sob pena de a sua candidatura se esboroar junto da maioria do eleitorado por falta de comparência.
A segunda volta das presidenciais brasileiras é um fracasso de Bolsonaro e da estratégia dos seus mandantes, por outro lado mantém as portas abertas para que a derrota total possa ser confirmada no dia 28 de Outubro pois, no debate público Bolsonaro não tem o que dizer a não ser as suas conhecidas atoardas racistas, sexistas, homofóbicas, ou a sua conhecida proposta para reduzir o número de pobres, ou seja, esterilizando-os para não proliferarem.
As próximas semanas serão de trabalho árduo para todos quantos no Brasil querem afastar o espectro de um ditador sentado no Palácio do Planalto.
Ponta Delgada, 07 de Outubro de 2018

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 08 de Outubro de 2018

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