sábado, 27 de outubro de 2018

O emprego, a ATA e a SATA - crónicas radiofónicas




Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 11 de Agosto de 2018 e pode ser ouvida aqui







O emprego, a ATA e a SATA

Fonte IEFP
Apesar de Agosto e, para lá dos incêndios que, nos últimos dias, fustigaram Monchique e Silves e, sobre os quais muito tem sido dito nos estúdios das televisões nacionais, nem sempre com abordagens dignas e, sobretudo, que não respeitam o sofrimento das populações afetadas, nem os homens e mulheres que combatem os fogos e protegem as populações.
Mas, como dizia apesar de ser Agosto e, para lá do drama anual dos incêndios florestais, por cá sempre vai havendo uma novidade ou outra que merecem atenção.
Não sei se deu conta, mas o INE divulgou os dados do emprego do segundo trimestre deste ano e o desemprego continua a cair. A Vice-presidência do Governo Regional lá veio a público assumir que tudo isto se deve às políticas regionais promotoras do emprego. Antes de continuar devo dizer-lhe que só posso ficar satisfeito pela descida do desemprego na Região e que essa descida, de facto, se tem vindo a verificar de forma continuada.
Não tenho, contudo, a mesma opinião do Vice-presidente do Governo Regional sobre a leitura dos dados do INE e muito menos quanto aos motivos que estão na origem da descida do desemprego na Região.
Os dados divulgados pelo INE não contemplam algumas variáveis, é uma questão metodológica, mas se os dados tivessem em devida conta o subemprego, os trabalhadores a tempo parcial, os inativos disponíveis que não procuram emprego e os cidadãos afetos a programas ocupacionais, então a taxa de desemprego seria bem maior. Isto não me dá nenhuma satisfação, mas se queremos tratar dos problemas do desemprego e promover políticas de emprego, então não podemos escamotear estes dados que nos afastam da realidade.
Quanto ao contexto que tem favorecido o aumento do emprego na Região, ao contrário do que é afirmado pelo Governo Regional, a descida da taxa de desemprego na Região não se fica a dever ás políticas regionais, mas sim a um contexto nacional favorável. Não estou a fazer esta afirmação de forma gratuita. Não o faço só porque sim. Faço-o ancorado nos dados mensais sobre o emprego divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Vejamos, no trimestre a que se referem os últimos dados do INE podemos verificar na informação facultada pelo IEFP que em todas as regiões do país se apurou uma descida da taxa de desemprego, no entanto, verifica-se que a descida nos Açores fica muito abaixo da média nacional. Mas se alargarmos a análise a outros trimestres constatamos exatamente o mesmo, os Açores ficam sistematicamente muito abaixo da média nacional. O expetável seria que a Região e as suas políticas de emprego tivessem um impacto positivo na criação de emprego e que a descida da taxa de desemprego na Região fosse superior à média nacional, Mas não.
Assim só posso inferir que se a taxa de desemprego na Região acompanha, em baixa, a tendência nacional é o contexto nacional que tem favorecido a descida da taxa de desemprego nos Açores e não as políticas regionais. Apenas isto.
Vou continuar consigo mais uns instantes para lhe deixar duas notas sobre o Grupo SATA.
A primeira, uma boa notícia, é a saída da SATA do capital da Associação de Turismo dos Açores (ATA). Já devia ter acontecido desde que foi alterado o paradigma do modelo de transporte aéreo de e para a Região, ou seja desde de 2015. Esta decisão peca por tardia, mas não posso deixar de a registar como uma medida positiva.
A ATA é uma empresa da esfera do setor público empresarial regional e que vai, finalmente, ser entregue à iniciativa privada. Claro que o representante do setor privado não gosta da solução, ou melhor gostar até gosta se o erário público continuar a financiar o seu funcionamento. Ora muito bem. Afinal os empresários querem, ou não, libertar-se do jugo do poder público.
A outra nota, e esta sim será a final tem a ver com a entrada em funções do novo Conselho de Administração do Grupo SATA. Já era conhecida a figura que vai assumir a presidência, o Dr. António Teixeira, foram ontem divulgados mais dois, ou apenas os dois, elementos que vão integrar, a partir de segunda-feira o Conselho de Administração do Grupo.
Foto by Aníbal C. Pires
A nomeação da Dra. Ana Azevedo, a quem desejo sucesso, vem comprovar que dentro do Grupo existem quadros capazes de assumir a administração, e há por lá mais, quanto ao Dr. Vítor Costa é mais um recrutamento externo com origem numa espécie de ninho de gestores públicos. Aguardemos pela distribuição de responsabilidades, mas também para perceber se a composição deste Conselho de Administração se fica, ao contrário dos anteriores, apenas por 3 elementos ficando a aguardar uma recomposição quando for concluído o processo de privatização dos tais 49% da Azores Airlines.
Não deixei votos de sucesso ao Dr. António Teixeira e ao Dr. Vítor Costa, Deixei sim. Os votos de sucesso para a Dra. Ana Azevedo, ainda que de forma implícita, são para todo o Conselho de Administração pois, o sucesso que desejo à Dra. Ana Azevedo será sempre capitalizado a favor de toda a administração.
É um prazer estar consigo
Fique bem.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 11 de Agosto de 2018

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