quarta-feira, 17 de outubro de 2018

A SATA e o seu Presidente não são compatíveis. Demita-se, ou demitam-no.

A 321 Neo CS-TSG (Sete Cidades) - foto João Pires
Fiquei profundamente incomodado quando ouvi as declarações públicas do Presidente do Conselho de Administração (CA) após a cerimónia de batismo do A 321 Neo que decorreu na tarde da passada segunda-feira, no aeroporto de Ponta Delgada, e, mais tarde direi porquê.
Já a titular da pasta dos transportes, Ana Cunha, no discurso que proferiu na cerimónia de batismo do “Sete Cidades”, assim se ficou a designar o A 321 Neo que tem inscrito a palavra “Wonder”, me tinha deixado perplexo, neste caso por ter falado muito e não ter dito nada. Pronto se preferirem, A Secretária Regional que tem a tutela dos transportes falou muito mas não disse, Nada de novo.
Ana Cunha limitou-se a regurgitar o que todos sabemos sobre as vantagens de ter uma frota homogénea (aeronaves da família dos A 320), os benefícios na poupança de combustível que advêm da eficiência energética dos A 321 Neo e o aumento de rotações com os Estados Unidos e Canadá que este tipo de aeronave possibilita. Mas Ana Cunha, não só se esqueceu de referir o nome da personalidade que apadrinhou o “Sete Cidades”, Milagres Paz, como se esqueceu de referir que tudo o que disse se aplica ao A 321 Neo Long Range(LR), uma vez que os dois A 321 Neo estão transitoriamente ao serviço da SATA. Transitoriamente sim pois, como está anunciado e contratualizado com a Airbus (o fabricante) até ao fim de 2020 estarão ao serviço da SATA quatro A321 Neo LR. As diferenças entre estes dois modelos de aeronave são, no essencial, a autonomia os LR têm um pouco mais de autonomia, o que lhe confere uma maior fiabilidade na travessia do Atlântico a partir dos Açores, em particular durante o Inverno. Este facto, parecendo despiciente, fez toda a diferença na opção pelos A 321 Neo LR cuja produção está atrasada, segundo a Airbus, relativamente ao que estava previsto.

A 310 CS-TGV (S. Miguel) - foto by João Pires
Teria ficado bem à Secretária Regional dos Transportes ter feito uma alusão à importância da frota dos A 310, foram estes aviões que permitiram a expansão da empresa, porque no dia em aconteceu o batismo do “Wonder/Sete Cidades, o “phase out” dos A 310 ficou concluído, mas também uma palavra de referência ao Comandante Carlos Moniz que antes da realização daquele que foi último voo A 310 CS-TGV (S. Miguel) brindou os convidados e os inúmeros populares com manobras de alta performance, uma descolagem duas passagens baixas a alta velocidade e uma aterragem, até porque, também, o Comandante Carlos Moniz realizou, nesse dia, o seu último voo comercial. Mas que importância tem isso face à ação de propaganda do Governo Regional, digo eu que sou dado a sentimentalismos. Ou então, estaria Ana Cunha à espera que o Presidente do CA da SATA o fizesse. Se estava saíram-lhe defraudadas as expetativas pois, a ilustre figura não disse coisa com coisa. 
Mas se a intervenção de Ana Cunha passou à margem e não foi alvo de nenhuma análise crítica, a não ser, para já, esta que está a ler, o mesmo não aconteceu com as titubeantes respostas do Presidente do CA da SATA quando questionado pelos jornalistas no final da cerimónia de batismo do “Wonder/Sete Cidades”.

Imagem retirada da Internet
As palavras com que iniciei este texto referem-se ao meu profundo incómodo com as declarações do Presidente do CA da SATA e comprometi-me a dar conta das razões desse meu mal-estar. Pois bem, Não é aceitável, por inexperiente que seja, que o Presidente do CA da SATA tenha demonstrado um total desconhecimento quer da composição da atual frota da SATA Internacional/Azores Airlines, quer da evolução que ela virá a ter no futuro próximo. E não me venham dizer que é um problema de oratória e de dificuldade em enfrentar os microfones e as câmaras, nada disso, trata-se mesmo como é visível e audível de desconhecimento sobre o que lhe foi perguntado. Não é aceitável e o senhor Presidente do CA da SATA devia, no mínimo, apresentar a sua demissão a quem cometeu a leviandade de o nomear. Se o Presidente do CA da SATA não o fizer, então ao Governo Regional cabe-lhe essa decisão e, já agora, não demorem muito tempo. Se querem que a SATA seja aquilo que a Secretária Regional afirmou, então não percam mais tempo e demitam-no.
Se eu me senti incomodado imagino o que terão sentido os trabalhadores da SATA quando viram e ouviram as declarações do seu Presidente. Isto para não me referir ao que terão sentido os seus colegas do CA, em particular a Dra. Ana Azevedo. Posso também imaginar o que os principais responsáveis na estrutura organizacional da SATA, quando acederam às imagens e ao som, terão sentido. Eu diria que terá sido um misto de sensações que percorreu o espetro que vai da vergonha ao riso, dependendo de como cada um interpretou e reagiu perante aquela grave demonstração de ignorância de quem está à frente da sua (nossa) empresa.
Ponta Delgada, 16 de Outubro de 2018

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 17 de Outubro de 2018

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