Depois das imagens e da estória contada, unilateralmente, pelo governo colombiano sobre a operação, à boa maneira “holywoodesca”, da libertação de Ingrid Betancourt, eis que outras estórias, quiçá mais próximas da realidade, começam a chegar ao domínio público tornando possível uma análise bem mais rigorosa do que efectivamente se terá passado.
Quando assisti às imagens televisivas e ouvi a descrição da operação militar confesso que achei estranho, não só, o bom e saudável aspecto de Ingrid Betancourt, mas também a facilidade com que a libertação dos 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) tinha acontecido. Afinal, as FARC, quer se goste, quer não, mantêm há 40 anos uma luta de guerrilha na selva colombiana contra grupos de para-militares armados pelo governo da Colômbia e dos Estados Unidos, contra o exército regular colombiano e contra um incontável número de mercenários oriundos de agências estado-unidenses. E se a luta das FARC não teve o sucesso que almeja a verdade é que também não foi derrotada, ou seja, para o bem e para o mal as FARC são uma poderosa organização militar e política e, assim sendo, fiquei surpreendido que tivesse perdido com tamanha facilidade o seu refém mais mediático, mesmo considerando a sua actual fragilidade, resultado do assassínio do Comandante Reyes, nas circunstâncias que são conhecidas, e do Comandante Manuel Marulanda, seu líder histórico.
Passados que são alguns dias sobre o acontecido sabe-se já que as FARC estavam a negociar com um grupo mediador, constituído por franceses e suíços, a libertação de 40 reféns entre os quais a mediática Ingrid. A libertação aconteceria no passado fim-de-semana ou, no próximo. De onde resulta que a operação de libertação privou de liberdade outros reféns das FARC.
Sabe-se, igualmente, que a operação não foi exclusivamente levada a cabo pelos serviços secretos colombianos como o presidente Álvaro Uribe anunciou, pois o embaixador estado-unidense na Colômbia, William Brownfield, fez questão de tornar público o envolvimento do seu país no resgate de Ingrid e mais 14 reféns.
Mas a versão, divulgada pela Rádio Suíça Francesa, que a cada dia ganha mais consistência é a de que afinal esta acção não passou de uma compra no valor de 20 milhões de dólares pagos ao Comandante das FARC que tinha à sua guarda estes reféns, de seu nome Geraldo Aguilar, vulgo Comandante César. Segundo a mesma estação de rádio suíça, que emite para a região francófona daquele país, o “negócio” teve como intermediário a esposa do Comandante César que há algum tempo atrás tinha sido detida pelo exército colombiano.
Ainda, segundo a rádio suíça “ a libertação, com armas na mão ao melhor estilo Ninja, não passa de uma mascarada mediática.”
Os representantes franceses e suíços tinham conhecimento, há mais de seis meses, que o governo colombiano procurava comprar os reféns ao Comandante César.
Há, porém, alguns aspectos do passado recente que importa trazer à liça pois, permitem conhecer, um pouco melhor, o contexto deste conflito e a recorrente intervenção unilateral do governo colombiano sempre que se configura a resolução do problema dos reféns.
A Espanha, a França e a Suíça fazem parte do grupo de países que procuram mediar o conflito e encontrar uma solução humanitária que satisfaça as partes. Sempre que decorreram negociações entre este grupo e as FARC o governo colombiano interferiu fazendo abortar as tentativas de libertação de reféns.
Foi assim em Junho de 2003 quando os franceses se procuraram reunir com o Comandante Reyes para comprovar que Ingrid Betancourt estava viva.
Repetiu-se em Janeiro de 2004 quando foi preso em Quito, Equador, um operacional das FARC, Simon Trinidad, que tinha como missão procurar um local adequado para um encontro entre Kofi Annan, à data Secretário-geral da Nações Unidas, e o seu representante pessoal para a Colômbia, James LeMoyne. Esta detenção contribuiu, também, para o fracasso de um encontro com representantes do governo francês que visava encontrar uma solução definitiva para Ingrid Betancourt e outros reféns.
A lista é longa! Fica apenas mais um apontamento. Antes do ataque ao acampamento do Comandante Reyes, a 1 de Março, os emissários do governo francês foram avisados, pelas autoridades colombianas, para não se deslocarem ao encontro de Reyes pois corriam perigo. Raul Reyes foi morto nesse ataque do exército colombiano que, assim abortou mais uma tentativa de solução para a libertação de Ingrid.
Os contornos da “libertação” de Ingrid estão ainda por se conhecer em toda a sua real dimensão.
Quando assisti às imagens televisivas e ouvi a descrição da operação militar confesso que achei estranho, não só, o bom e saudável aspecto de Ingrid Betancourt, mas também a facilidade com que a libertação dos 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) tinha acontecido. Afinal, as FARC, quer se goste, quer não, mantêm há 40 anos uma luta de guerrilha na selva colombiana contra grupos de para-militares armados pelo governo da Colômbia e dos Estados Unidos, contra o exército regular colombiano e contra um incontável número de mercenários oriundos de agências estado-unidenses. E se a luta das FARC não teve o sucesso que almeja a verdade é que também não foi derrotada, ou seja, para o bem e para o mal as FARC são uma poderosa organização militar e política e, assim sendo, fiquei surpreendido que tivesse perdido com tamanha facilidade o seu refém mais mediático, mesmo considerando a sua actual fragilidade, resultado do assassínio do Comandante Reyes, nas circunstâncias que são conhecidas, e do Comandante Manuel Marulanda, seu líder histórico.
Passados que são alguns dias sobre o acontecido sabe-se já que as FARC estavam a negociar com um grupo mediador, constituído por franceses e suíços, a libertação de 40 reféns entre os quais a mediática Ingrid. A libertação aconteceria no passado fim-de-semana ou, no próximo. De onde resulta que a operação de libertação privou de liberdade outros reféns das FARC.
Sabe-se, igualmente, que a operação não foi exclusivamente levada a cabo pelos serviços secretos colombianos como o presidente Álvaro Uribe anunciou, pois o embaixador estado-unidense na Colômbia, William Brownfield, fez questão de tornar público o envolvimento do seu país no resgate de Ingrid e mais 14 reféns.
Mas a versão, divulgada pela Rádio Suíça Francesa, que a cada dia ganha mais consistência é a de que afinal esta acção não passou de uma compra no valor de 20 milhões de dólares pagos ao Comandante das FARC que tinha à sua guarda estes reféns, de seu nome Geraldo Aguilar, vulgo Comandante César. Segundo a mesma estação de rádio suíça, que emite para a região francófona daquele país, o “negócio” teve como intermediário a esposa do Comandante César que há algum tempo atrás tinha sido detida pelo exército colombiano.
Ainda, segundo a rádio suíça “ a libertação, com armas na mão ao melhor estilo Ninja, não passa de uma mascarada mediática.”
Os representantes franceses e suíços tinham conhecimento, há mais de seis meses, que o governo colombiano procurava comprar os reféns ao Comandante César.
Há, porém, alguns aspectos do passado recente que importa trazer à liça pois, permitem conhecer, um pouco melhor, o contexto deste conflito e a recorrente intervenção unilateral do governo colombiano sempre que se configura a resolução do problema dos reféns.
A Espanha, a França e a Suíça fazem parte do grupo de países que procuram mediar o conflito e encontrar uma solução humanitária que satisfaça as partes. Sempre que decorreram negociações entre este grupo e as FARC o governo colombiano interferiu fazendo abortar as tentativas de libertação de reféns.
Foi assim em Junho de 2003 quando os franceses se procuraram reunir com o Comandante Reyes para comprovar que Ingrid Betancourt estava viva.
Repetiu-se em Janeiro de 2004 quando foi preso em Quito, Equador, um operacional das FARC, Simon Trinidad, que tinha como missão procurar um local adequado para um encontro entre Kofi Annan, à data Secretário-geral da Nações Unidas, e o seu representante pessoal para a Colômbia, James LeMoyne. Esta detenção contribuiu, também, para o fracasso de um encontro com representantes do governo francês que visava encontrar uma solução definitiva para Ingrid Betancourt e outros reféns.
A lista é longa! Fica apenas mais um apontamento. Antes do ataque ao acampamento do Comandante Reyes, a 1 de Março, os emissários do governo francês foram avisados, pelas autoridades colombianas, para não se deslocarem ao encontro de Reyes pois corriam perigo. Raul Reyes foi morto nesse ataque do exército colombiano que, assim abortou mais uma tentativa de solução para a libertação de Ingrid.
Os contornos da “libertação” de Ingrid estão ainda por se conhecer em toda a sua real dimensão.
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