Na troca de correspondência electrónica sobre um assunto relacionado com uma questão internacional, sobre a qual me tinham pedido opinião, uma dirigente do movimento associativo imigrante em Portugal, a dada altura, dizia: “Não sou, propriamente, uma defensora das questões da Globalidade mas sim da Glocalidade (…)”. Achei interessante esta forma de dizer do interesse pelos assuntos locais, daqueles que estão perto e que se vivenciam quotidianamente, que acontecem ao nosso lado e, mormente, porque expressa assertivamente a importância do lugar, do local, no contexto da globalização que marca o nosso tempo. Isto claro, em minha opinião, pois ainda não tive oportunidade de trocar impressões sobre este neologismo, o seu significado e, sobretudo, o conceito que a autora lhe atribui.
Há… sente-se, vive-se uma onda global que gera novas necessidades e que devem merecer a nossa atenção mas, bem perto de nós, continuam por resolver questões de ordem local esquecidas umas, fruto, outras de uma globalização redutora. Limitada a aspectos de ordem económica e financeira e cujo produto mais visível é a globalização da desgraça. É claro que há muitos aspectos positivos e há, sobretudo, um grande potencial na globalização se ela for posta, de facto, ao serviço da humanidade.
A Região, ou melhor, a cidade de Ponta Delgada sofreu nos últimos anos um acelerado processo de transformação, não só na sua arquitectura, mas também no seu tecido social, económico e cultural. Bem recentemente concluiu-se e inaugurou-se uma infraestrutura que alterou substancialmente a frente marítima da cidade. Tudo isto em nome da modernidade e da necessidade de preparar a Região para os desafios de uma economia globalizada e altamente competitiva. A festa prolonga a inauguração até Setembro e os custos, quer da obra em si mesmo, quer do “circo”, não são compagináveis com a realidade de um número crescente de sem abrigo que habitam as arcadas e as soleiras dos estabelecimentos comerciais e das igrejas da moderna Ponta Delgada, nem com os excluídos, nem com os velhos e novos pobres.
O pão e o circo que resultam da disputa da cidade pela autarquia e pelo governo regional alimentam um estado permanente de festa que, digamos, enfastia o mais paciente do cidadão autóctone e o seu direito à tranquilidade e do cidadão que nos visita à procura da diferença.
Não faltam, pelos vistos, meios financeiros às autarquias e ao governo regional para a promoção de eventos, alguns de qualidade duvidosa e efeitos perversos. Mas falta, de amiúde, vontade política para financiar organizações e instituições de grande utilidade social que desempenhem um papel que cabe, em primeira instância, aos poderes públicos locais e regionais.
Fica um exemplo de entre muitos outros! A Aurora Social – Associação de Promoção de Emprego Apoiado e Solidariedade Social – presta um serviço público de grande utilidade social a um segmento da população que, pelas suas características, necessita de apoios redobrados e de discriminação positiva para a sua integração social e económica mas… não tem uma sede própria e adequada aos serviços que presta à comunidade. Não será por falta disponibilidade financeira da Região. Julgo eu!
Estamos já na designada “silly season” e não quero deixar uma impressão negativa que possa perturbar um relaxante dia de praia ou um reconfortante passeio pelo verde ponteado a azul das hortênsias.
Deixo a fechar um exemplo claro de Glocalidade levado a cabo pela competência e pelo engenho e arte que o centralismo aguça. Visitei há alguns dias a RTP/Açores Multimédia (http://ww1.rtp.pt/acores/index.php) e assisti ao processo de globalização do local. Os Açores no Mundo, a partir de uma pequena sala do edifício da Rua de Castelo Branco.
Há… sente-se, vive-se uma onda global que gera novas necessidades e que devem merecer a nossa atenção mas, bem perto de nós, continuam por resolver questões de ordem local esquecidas umas, fruto, outras de uma globalização redutora. Limitada a aspectos de ordem económica e financeira e cujo produto mais visível é a globalização da desgraça. É claro que há muitos aspectos positivos e há, sobretudo, um grande potencial na globalização se ela for posta, de facto, ao serviço da humanidade.
A Região, ou melhor, a cidade de Ponta Delgada sofreu nos últimos anos um acelerado processo de transformação, não só na sua arquitectura, mas também no seu tecido social, económico e cultural. Bem recentemente concluiu-se e inaugurou-se uma infraestrutura que alterou substancialmente a frente marítima da cidade. Tudo isto em nome da modernidade e da necessidade de preparar a Região para os desafios de uma economia globalizada e altamente competitiva. A festa prolonga a inauguração até Setembro e os custos, quer da obra em si mesmo, quer do “circo”, não são compagináveis com a realidade de um número crescente de sem abrigo que habitam as arcadas e as soleiras dos estabelecimentos comerciais e das igrejas da moderna Ponta Delgada, nem com os excluídos, nem com os velhos e novos pobres.
O pão e o circo que resultam da disputa da cidade pela autarquia e pelo governo regional alimentam um estado permanente de festa que, digamos, enfastia o mais paciente do cidadão autóctone e o seu direito à tranquilidade e do cidadão que nos visita à procura da diferença.
Não faltam, pelos vistos, meios financeiros às autarquias e ao governo regional para a promoção de eventos, alguns de qualidade duvidosa e efeitos perversos. Mas falta, de amiúde, vontade política para financiar organizações e instituições de grande utilidade social que desempenhem um papel que cabe, em primeira instância, aos poderes públicos locais e regionais.
Fica um exemplo de entre muitos outros! A Aurora Social – Associação de Promoção de Emprego Apoiado e Solidariedade Social – presta um serviço público de grande utilidade social a um segmento da população que, pelas suas características, necessita de apoios redobrados e de discriminação positiva para a sua integração social e económica mas… não tem uma sede própria e adequada aos serviços que presta à comunidade. Não será por falta disponibilidade financeira da Região. Julgo eu!
Estamos já na designada “silly season” e não quero deixar uma impressão negativa que possa perturbar um relaxante dia de praia ou um reconfortante passeio pelo verde ponteado a azul das hortênsias.
Deixo a fechar um exemplo claro de Glocalidade levado a cabo pela competência e pelo engenho e arte que o centralismo aguça. Visitei há alguns dias a RTP/Açores Multimédia (http://ww1.rtp.pt/acores/index.php) e assisti ao processo de globalização do local. Os Açores no Mundo, a partir de uma pequena sala do edifício da Rua de Castelo Branco.
1 comentário:
Parabéns!! Muitos anos de vida... cheios de "Momentos" bem vividos!!
Beijinhos da tua filha Catarina e da neta Margarida!!
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