sábado, 19 de julho de 2008

"AFRICOM"

O Presidente do Governo Regional dos Açores veio a terreiro demonstrar o interesse do seu governo em que o recentemente formado, pelos Estados Unidos, Comando Africano (AFRICOM) ficasse sedeado na Base das Lajes, ilha Terceira, e reforçou a disponibilidade açoriana para que, também, o campo de treinos os caças de última geração da Força Aérea dos Estados Unidos utilizasse, quer a Base das Lajes, quer os céus açorianos.
Os argumentos são conhecidos e a subserviência é manifesta!
Quanto às vantagens essas são unilaterais, beneficia a superpotência! A Região fica com os ruídos, os incumprimentos, a poluição dos aquíferos…, o país com a FLAD, que de quando em vez faz umas aparições no território insular que está na sua origem, com material bélico de segunda ou terceira geração e, sobretudo, acriticamente alinhado à política internacional dos EUA que nos últimos anos, sem nenhum pudor, abandonou o quadro das Nações Unidas e da NATO e o seu carácter defensivo e conciliador.
A unilateralidade e o carácter ofensivo da política internacional dos EUA fizeram recrudescer a importância estratégica dos Açores no contexto transatlântico, se é que alguma vez a perderam. Os analistas têm referido isso mesmo, Carlos César aproveita a oportunidade e… mete a farpa. Não tenho conhecimento da posição nacional sobre esta questão ou, até se Portugal tem posição sobre a questão mas, quero acreditar que sim.
Não fosse o carácter ofensivo e bélico que visa uma verdade escondida por detrás das boas intenções com os Estados Unidos criaram o AFRICOM, até poderia equacionar que Portugal, pelas ligações históricas, culturais e de vizinhança com África (Rabat, capital marroquina, fica sensivelmente à mesma distância de Madrid), acolhesse o AFRICOM ou, melhor que o assunto fosse discutido e acolhido no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Assim, faria todo o sentido pois, cinco dos países da CPLP são africanos e o Brasil tem uma importância, na bacia do Atlântico Sul, que não se pode, nem deve menosprezar.
Quanto às pretensões de Carlos César, que não acredito passem apenas por uma afirmação gratuita de período pré-eleitoral, necessitam indubitavelmente de discussão pública e esclarecimento no seio da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

2 comentários:

Maria Margarida Silva disse...

Quanto às pretensões de Carlos César, dizes e muito bem que “necessitam indubitavelmente de discussão pública e esclarecimento no seio da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores”. Só que, na minha opinião, isso é pouco. Espero bem que essa discussão e esse esclarecimento não se confinem única e exclusivamente a esse local.
Todas as deliberações que têm sido tomadas em relação à ocupação/utilização da Base das Lajes (fins bélicos e não só…) por parte dos EUA têm sido feitas à revelia do povo açoriano e isso não é justo nem aceitável.
Nós temos uma palavra a dizer. Basta de tanto servilismo!
Já é tempo de exigir o fim do uso/abuso da Base das Lajes pelos EUA.

Unknown disse...

Já em 2008 César defendeu esta proposta e o governo da república não ligou pevide.