terça-feira, 29 de julho de 2008

O relativismo do tamanho

O ambiente pré-eleitoral pulsa em todos os rincões da Região, o ambiente é de festa, de estaleiro de construção civil, de inaugurações, de anúncios de novos empreendimentos, de novas ambições e, pasme-se, da recente descoberta de Carlos César do quanto é bom ser-se açoriano.
Oh Senhor Presidente então! A malta já descobriu isso há muito tempo não foi preciso abrir as Portas do Mar ao Mundo, para descobrir que ser açoriano é um estado de alma e que a identidade regional está presente em cada celebração do “Divino” por cá, ou além-mar, pois há muitos séculos que o mar nos abriu as portas do Mundo e que celebramos a açorianidade onde quer que nos encontremos. Porque é bom ser açoriano! Mesmo que vulcões e terramotos, por vezes, nos tenham empurrado para fora das ilhas.
Não há dúvida de que o PS Açores está determinado a governar os Açores por mais 4 anos e, não satisfeito, quer uma maioria ainda mais absoluta. Como se fosse possível! Ou melhor como se houvesse necessidade. Não importa a dimensão da maioria pois, a governação é absolutista, autoritária e autista seja a maioria de 50,0% mais 1, 2 , 3 , 4… aqui, efectivamente não importa o tamanho, ao contrário de outras situações onde, segundo algumas opiniões o tamanho é importante, embora haja quem considere que não, que o tamanho não é importante mas sim a qualidade do desempenho. Enfim opiniões e, possivelmente, quer uma opinião, quer outra, terão suporte dependendo, é claro, de quem avalia.
Em democracia e para evitar discriminações o tamanho não é relevante. Senão vejamos, na legislatura 1996/2000 a maioria PS era do mesmo tamanho da do PSD, no que ao número de deputados diz respeito, mas como o PS teve mais votos foi convidado a formar governo e governou com estabilidade. Governou com base no diálogo democrático e os açorianos e os Açores beneficiaram com a democracia parlamentar plural então existente.
O PCP cuja dimensão era bem diminuta, apenas tinha um deputado, mas o tamanho não foi impeditivo de que a sua acção política fosse profícua tendo proposto um vasto conjunto de iniciativas legislativas que foram aprovadas. O tamanho aqui não foi importante porque a dimensão da maioria PS era relativa. O CDS era um pouco maior que o PCP mas não foi tão produtivo, o que comprova que não é uma questão de tamanho mas sim de outras capacidades e atitudes. Imaginem se o PCP fosse um pouco maior num quadro em que todos os actores tinham espaço conferido pela relatividade da dimensão das representações parlamentares. Quanto ao PSD tendo uma dimensão considerável foi aquilo que se viu, pela mão de Costa Neves tentou aumentar de tamanho aliando-se ao CDS e procurou desconstruir mas, e aqui o tamanho fez a diferença, a maioria de votos era pertença do PS e do PCP e o golpe “palaciano” ficou-se pela tentativa de tomada de poder à margem da vontade do povo açoriano expressa nas urnas.
Em Outubro importa que, para além da pluralidade política, a dimensão das representações parlamentares seja relativizada e se retire absolutismo ao tamanho do PS que, comprovadamente, pode governar em tamanho relativo.

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