quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Promiscuidades

À recente descoberta “de como é bom ser-se Açoriano”, pelo candidato a deputado do PS, nos círculos eleitorais de S. Miguel e de compensação, de seu nome Carlos César, a que me referi num outro espaço de intervenção dizendo: “Oh Senhor Presidente então!? A malta já descobriu isso há muito tempo não foi preciso abrir as Portas do Mar ao Mundo, para descobrir que ser açoriano é um estado de alma e que a identidade regional está presente em cada celebração do “Divino” por cá, ou além-mar, pois há muitos séculos que o mar nos abriu as portas do Mundo e que celebramos a açorianidade onde quer que nos encontremos. Porque é bom ser açoriano! Mesmo que vulcões e terramotos, por vezes, nos tenham empurrado para fora das ilhas.”
O Senhor Presidente a que me referia é, claro está, o tal candidato a deputado que o PS Açores apresenta pelo círculo eleitoral de S. Miguel e pelo círculo eleitoral de compensação e que actualmente desempenha as funções de Presidente do Governo Regional. Sim! É esse o tal senhor que tem uma nova ambição para os Açores, embora ainda não a tenha divulgado mas, que não é difícil perceber pois a sua intervenção pública denota que a ambição é, sobretudo, de ordem pessoal e de reforço do seu poder e influência. Ainda me passou pela cabeça que a ambição tivesse a ver com o desenvolvimento dos Açores, com a melhoria da qualidade de vida dos açorianos ou mesmo com o aperfeiçoamento e aprofundamento da autonomia, mas cedo percebi que as questões da coesão social, territorial e económica da Região, a precariedade das relações laborais, o facto de os trabalhadores açorianos terem um rendimento médio mensal inferior em 100,00€ aos trabalhadores continentais e a convergência real com o PIB nacional e europeu, não fazem parte da ambição do candidato a deputado e Presidente do PS Açores.
A ambição é outra e não é propriamente uma novidade. No passado recente uma ambição semelhante esteve na origem do declínio de Mota Amaral e do PSD Açores. Talvez seja por isso que os militantes do PS Açores estejam tão preocupados com a estratégia que o líder traçou para reforço da maioria socialista, buscando a todo o custo apoios indiscriminados na direita do PSD e no eleitorado do PDA. É, assim, como uma espécie de preocupante “déjà-vu” para os históricos do PS Açores.
A estratégia foi agora reforçada com uma genial ideia do Governo Regional dos Açores, a que o candidato a deputado preside, que consiste na distribuição de um “kit autonómico” a todos os açorianos. Esta iniciativa do Governo Regional dos Açores não fosse o “timing”, o custo ao erário público (continuamos a ser uma Região pobre) e o facto de distribuir massivamente uma carta do Presidente do Governo Regional, que por acaso se está a candidatar a deputado nas eleições de 19 de Outubro, e seria uma iniciativa louvável e até poderia ser subscrita por todos os actores políticos que intervêm na Região.
“Valha-nos Deus”! Onde chegou a qualidade da democracia regional! Não sei mesmo se isto terá paralelo na pérola atlântica que é o jardim de Alberto João.
Estamos a menos de 60 dias da realização de um acto eleitoral e o governo com esta iniciativa favorece, desavergonhadamente, um dos candidatos a deputado utilizando, para isso, dinheiros públicos. A seu tempo esta será uma factura que o povo açoriano imputará ao PS Açores e aos seus dirigentes.
Espero que alguém de direito, por exemplo: a Comissão Nacional de Eleições venha a terreiro por cobro a esta vergonhosa promiscuidade e reponha a legalidade pois a ética política e democrática, bem como outros valores, estão definitivamente arredadas da prática do PS de Carlos César.

2 comentários:

Tiago R. disse...

O PS já nos habituou à sua capacidade para os mortais encarpados com dupla pirueta e outras cambalhotas ideológicas.

O vento sopra num sentido de alguma crispação entre o continente e a Região? Então o PS transforma-se subitamente no campeão da autonomia!

Mas o fato autonomista foi feito à pressa (outubro aproxima-se!) e ficou largo no cós e curto nas mangas.

Largo no verbalismo exaltado, largo na falta de seriedade e largo nos estômagos que se têm dilatado com os banquetes em Sant'Ana.

Curto na compreensão do que a autonomia tem de profundamente genuino e democrático e que devia ir muito para lá do simples agitar da bandeirinha.

É tempo de mudar de alfaiate!

Maria Margarida Silva disse...

A mudança começa em cada um de nós. Há muita coisa que pode ser mudada, construída.
É preciso mudar o presente agora. É preciso escolher um futuro melhor.
A hora é agora! E, para isso, é imprescindível que cada um de nós faça a sua parte. Não nos deixemos embalar pela política de betão deste governo, nem pelas promessas de quem já esteve lá o tempo suficiente para mostrar do que era capaz.
Não arranjem falsas desculpas para a situação caótica que estamos vivendo e, muito menos, que tal conjuntura se deve à crise mundial e não ao fraco desempenho governamental.
Outubro aproxima-se e com ele as eleições. É preciso repor vozes na ALR, vozes de quem luta pela Igualdade, de quem se preocupa com uma Saúde para todos, de quem não tem medo de denunciar a Injustiça, o oportunismo, a exploração no trabalho, os despedimentos em massa…
Nós somos os princípios de mudança e de transformação porque o princípio de tudo isso é o homem e está no homem.