terça-feira, 12 de agosto de 2008

Magalhães ou como se dá a volta ao “Zé Povinho”

Já vamos estando habituados à forma e ao conteúdo com que o governo de José Sócrates nos costuma brindar em “shows” mediáticos com base em tecnologia de ponta. Pode até dizer-se, com propriedade, que nunca um governo de Portugal dominou de forma tão eficaz as tecnologias ao seu dispor como este. Não sei se é do Ministro Mariano Gago ou, se a coisa se deve mesmo ao espírito empreendedor do primeiro-ministro que como sabemos é um “expert” na arte da inovação, seja em nome do défice, da construção europeia a todo o custo ou, do novíssimo “Magalhães”.
Todos estaremos lembrados dos seus discursos com recurso a halogramas, da visita à escola onde os alunos eram pequenos actores, dos 150 mil novos empregos virtuais, dos seus projectos de engenharia na Beira Interior, enfim, um sem número de artes que fazem do Eng. Pinto de Sousa uma figura incontornável da “esquerda” moderna, não fosse o seu desconhecimento sobre a proibição de fumar dentro das aeronaves comerciais e, teríamos um ser muito perto da perfeição.
Magalhães, nome de um navegador português que, como sabemos, realizou a primeira viagem de circum-navegação. Computador “Magalhães” é a designação adoptada para a estreia de mais um episódio da novela “socrática” a que Portugal assiste desde 2005.
A ante estreia decorreu no final do mês de Julho e o “Magalhães” foi anunciado como o primeiro portátil português. Este computador foi concebido para o segmento da população infantil (06-10anos), ou seja, para os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Alguns olhares mais atentos verificaram que afinal só o local e o capital são nacionais a tecnologia é da Intel, a ideia é de Nicholas Negroponte e data de 2005.
Pois é! Negroponte desenvolveu um projecto de fabrico de computador de baixo custo (100 dólares) para os países subdesenvolvidos e que designou: “One Laptop for Child”.
A Intel esteve inicialmente no projecto mas abandonou-o desenvolvendo o “Classmate PC” que foi apresentado mundialmente, no dia 3 de Abril, em Xangai e já se encontra à venda na Índia e em Inglaterra com a designação, respectivamente, de “Mileap X” e “JumpPC”.
Vá-se lá ver que o “Magalhães” não é mais do que a versão adaptada a Portugal do “Classmate PC” da Intel.
Qualquer semelhança com aquilo que foi anunciado oficialmente e abençoado pelo Eng. Pinto de Sousa é pura coincidência.
Mas os contornos deste episódio vão para além da falta de rigor do governo português e da “guerra” comercial que a Intel moveu à empresa de Negroponte.
O governo português aliou-se à Intel contra a MIT de Negroponte a troco de quê!? Primeiro era uma fábrica da Intel e a criação de 1000 postos de trabalho. No fim foi a entrega do fabrico e do mercado do “Magalhães” à empresa que produz os “Tsunamis”, sem qualquer espécie de concurso, e 80 novos postos de trabalho que poderão ir até aos 250 se a exportação para os PALOP se vier a concretizar.
Sobre o assunto existe abundante informação na Internet é, apenas, uma questão de a procurar.
E assim vai o Verão português!

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