domingo, 17 de agosto de 2008

Atrasos

A viagem para Ocidente é ainda, ao fim de mais de 3 décadas de democracia e autonomia, uma aventura.
A irregularidade das ligações aéreas e marítimas com o grupo ocidental, atrasos e cancelamentos de voos sem justificação ou, com justificações insatisfatórias, cancelamento de escalas no transporte marítimo de passageiros é, apenas, um dos aspectos que qualquer viajante se dá conta. Por perceber fica, também, a inexistência, no presente, de uma ligação marítima diária entre o Corvo e as Flores.
Os transportes, sempre os transportes, aliás como não poderia deixar de ser numa Região insular e arquipelágica. Mas não só!
O grupo ocidental está, por vontade de Carlos César, sem aceder às vantagens do cabo de fibra óptica. Bem! Já prometeu que será desta, vamos crer que sim em nome da coesão regional.
As economias locais das ilhas ocidentais, para além das fragilidades que lhe são intrínsecas, continuam a ser prejudicadas pelas políticas de investimento público que o governo regional tem vindo a executar.

Na Ilha do Corvo os trabalhadores da queijaria estão sem receber salário desde Abril o mesmo se passa com os produtores de leite.
Na raiz do problema está, segundo a administração, o atraso na transferência dos apoios pelos serviços do governo regional. Alguns dos produtores deixaram de entregar matéria-prima e fabricam o seu próprio queijo.
A situação não é nova mas nunca foi devidamente encarada pelo governo regional que assim põe em causa um investimento público e a economia corvina pois, se a situação se prolongar por mais tempo, a queijaria do apreciado queijo do Corvo, acabará por encerrar. Este atraso na transferência de verbas é injustificável. O orçamento regional, como é do domínio público, está bem recheado.
Numa recente visita ao Corvo alguém me dizia: “Enquanto continuar a ser uma aventura vir ao Corvo não haverá desenvolvimento nesta ilha”.
Sábias palavras que reflectem uma realidade que se estende para além do Corvo.

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

O peixe graúdo cada vez mais engole o peixe miúdo e, das duas uma, ou o peixe miúdo se revolta com a injustiça ou cala e come (mal).
Sobre esta situação, o Governo mantém um silêncio comprometido e cúmplice, quando se exigia uma intervenção em tempo útil, defendendo a economia corvina, o emprego e os direitos dos trabalhadores.
Mas o que se ouve, da parte do Governo, é um atroador silêncio, silêncio este que só traduz a sua inércia e a sua má consciência. Semeia esperanças e ilusões (quando é oportuno, conveniente…) e depois não assume as suas responsabilidades.
Afinal, trata-se de uma ilha só com cerca de 300 habitantes…
“O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo.” G. B. Shaw