Há cidades míticas, cidades património, cidades ordenadas e desordenadas, megacidades, cidades capitais económicas, políticas e culturais, cidades comerciais, cidades industriais, cidades do pecado e do prazer, cidades de oportunidades, cidades tranquilas, cidades seguras e inseguras, cidades com alma e sem alma e há… a nossa cidade. A cidade onde nascemos e crescemos e nunca enjeitámos, a cidade onde vivemos por opção ou, por uma paixão que a casualidade atiçou e se transformou num grande amor que nos prende a esta, e não a outra cidade. E se o acaso da vida nos leva para longe… para outra cidade de oportunidades carregamos connosco a saudade dos espaços e das gentes que fazem única a nossa cidade.
As cidades crescem e transformam-se acompanhando os tempos. As marcas de cada época são visíveis a cada rua, a cada esquina, a cada praça, a cada jardim, nas descontinuidades que nos conduzem numa viagem à sua história social, política e económica.
O tempo nas nossas cidades é de acentuado crescimento e, em poucos anos, assistimos a profundas transformações nos seus núcleos históricos, ao aparecimento de novas áreas residenciais, à absorção das suas periferias, à reestruturação das acessibilidades, ao acondicionamento do trânsito viário, à criação de novos equipamentos colectivos e, inevitavelmente, à adopção de novos estilos de vida.
Às alterações produzidas no espaço edificado e a novos paradigmas do uso do território correspondem, estas quiçá menos visíveis, profundas alterações no tecido social das nossas cidades.
As transformações que se verificam são, de uma forma geral, bem aceites pelos cidadãos e pelas comunidades pois, daí advêm ganhos imediatos e correspondem a padrões de desenvolvimento urbano tidos como sinónimos de progresso e modernidade. E assim será, dependendo do conceito de desenvolvimento que está associado ao crescimento. Considero, todavia, que o actual processo evolutivo das nossas cidades está eivado de algum acriticismo dos responsáveis técnicos e dos decisores políticos e, de uma inaceitável inércia da comunidade que dá vida às cidades e aceita apaticamente soluções impostas por agendas exógenas ao interesse público.
Convém envolver as populações na construção do modelo de desenvolvimento que se pretende adoptar, importa salvaguardar a identidade das urbes sem que isso represente o contrário da sua modernização, importa atender ao futuro mais do que ao presente, importa não confundir qualidade de vida com rotundas, espaços comerciais e soluções arquitectónicas padronizadas replicadas um pouco por todo o lado.
É urgente repensar o espaço urbano. É urgente atender ao espaço rural. É urgente que a coesão social e territorial seja prioridade dos governos locais e do poder regional. É urgente o abandono da competitividade exacerbada e a adopção de modelos locais e regionais de complementaridade. A Região vale como um todo mas tem de ser mais, muito mais que o somatório das suas unidades territoriais.
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 04 de Novembro de 2009, Angra do Heroísmo
As cidades crescem e transformam-se acompanhando os tempos. As marcas de cada época são visíveis a cada rua, a cada esquina, a cada praça, a cada jardim, nas descontinuidades que nos conduzem numa viagem à sua história social, política e económica.
O tempo nas nossas cidades é de acentuado crescimento e, em poucos anos, assistimos a profundas transformações nos seus núcleos históricos, ao aparecimento de novas áreas residenciais, à absorção das suas periferias, à reestruturação das acessibilidades, ao acondicionamento do trânsito viário, à criação de novos equipamentos colectivos e, inevitavelmente, à adopção de novos estilos de vida.
Às alterações produzidas no espaço edificado e a novos paradigmas do uso do território correspondem, estas quiçá menos visíveis, profundas alterações no tecido social das nossas cidades.
As transformações que se verificam são, de uma forma geral, bem aceites pelos cidadãos e pelas comunidades pois, daí advêm ganhos imediatos e correspondem a padrões de desenvolvimento urbano tidos como sinónimos de progresso e modernidade. E assim será, dependendo do conceito de desenvolvimento que está associado ao crescimento. Considero, todavia, que o actual processo evolutivo das nossas cidades está eivado de algum acriticismo dos responsáveis técnicos e dos decisores políticos e, de uma inaceitável inércia da comunidade que dá vida às cidades e aceita apaticamente soluções impostas por agendas exógenas ao interesse público.
Convém envolver as populações na construção do modelo de desenvolvimento que se pretende adoptar, importa salvaguardar a identidade das urbes sem que isso represente o contrário da sua modernização, importa atender ao futuro mais do que ao presente, importa não confundir qualidade de vida com rotundas, espaços comerciais e soluções arquitectónicas padronizadas replicadas um pouco por todo o lado.
É urgente repensar o espaço urbano. É urgente atender ao espaço rural. É urgente que a coesão social e territorial seja prioridade dos governos locais e do poder regional. É urgente o abandono da competitividade exacerbada e a adopção de modelos locais e regionais de complementaridade. A Região vale como um todo mas tem de ser mais, muito mais que o somatório das suas unidades territoriais.
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 04 de Novembro de 2009, Angra do Heroísmo
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