O Aeroporto de Santa Maria assume uma importância particular no contexto das infra-estruturas aeroportuárias da Região.
Assumindo, desde 1946, um proeminente papel na aeronáutica transatlântica, possui ainda hoje uma relevância muito significativa, graças à sua envergadura, condições de operacionalidade, posição estratégica e elevada qualificação e excepcional competência dos seus técnicos.
Reúne, assim, um conjunto privilegiado de requisitos para que possa ser uma efectiva mais valia para a Região e para o País, nomeadamente no campo dos serviços a aeronaves e recepção de escalas técnicas.
Pese embora as alterações tecnológicas que reduziram a necessidade dessas escalas, associada à crise da aeronáutica sentida a nível mundial, o Aeroporto de Santa Maria continua a receber um número muito expressivo de aeronaves, o que também representa um benefício económico significativo. A prová-lo está o facto de, durante o ano de 2008, ter recebido 1090 escalas técnicas, correspondendo a um volume financeiro superior a meio milhão de euros, apenas em termos da prestação de serviços a essas escalas (handling da SATA).
Para além disto, o Aeroporto de Santa Maria assegura mais de 90 postos de trabalho directos, muitos deles altamente qualificados e fixa, em seu torno, um conjunto significativo de empresas, o que tem um impacto extremamente relevante na ilha e na sua economia local. É um factor que contribui, assim, para a coesão e desenvolvimento harmónico da nossa Região.
No entanto, verifica-se que a actuação da empresa pública a quem incumbe a gestão deste aeroporto não tem, em muitos casos, potenciado devidamente a sua capacidade operacional e competitividade, nem conseguido atrair mais voos, afirmando Santa Maria no panorama aeroportuário do Atlântico. Reflexo desta realidade é a lenta, mas progressiva, redução do número de escalas técnicas recepcionadas, não por perda de importância da infra-estrutura em si, mas sim pelas opções gestionárias da ANA Aeroportos de Portugal SA.
Situações como a inadequação do horário de funcionamento, a multiplicação da cobrança do valor das taxas de abertura, a prática de taxas não competitivas e mesmo a redução de condições operacionais – entre as quais o recente esgotamento do combustível para aeronaves que é um exemplo elucidativo – têm objectivamente prejudicado o Aeroporto de Santa Maria, lesando também, desta forma, o interesse dos Açores.
As estratégias empresariais e política que visam a prazo (curto prazo) a privatização da ANA, SA, está directamente ligada à desvalorização e desinvestimento a que o Aeroporto de Santa Maria tem sido sujeito ao longo dos últimos anos.
Os marienses têm-se mobilizado em torno da defesa do Aeroporto e evitado que os avanços cegos da administração da ANA, SA em direcção ao seu total abandono não se concretizem. O Governo regional, sujeito aos ditames das orientações políticas do Governo de Sócrates, remete-se para uma posição de expectante acomodação e não cumpre aquilo para que está mandatado, ou seja, a defesa e promoção de políticas de coesão social, territorial e económica.
Exige-se, assim que o Governo regional, de forma proactiva desenvolva as diligências necessárias junto da ANA, SA e respectiva tutela para que este cenário de abandono a que os marienses estão a ser votados se inverta.
Aníbal C. Pires, IN DIÁRIO INSULAR, 27 de Janeiro de 2010, Angra do Heroísmo
1 comentário:
Olá, Aníbal!
Não me surpreende, de todo, esta posição do Governo Regional. Aliás, os marienses sempre foram esquecidos e subjugados ao abandono, melhor dizendo, ao ostracismo.
Muitas vezes tenho ouvido, ao longo destes anos, comentários do tipo: “Santa Maria? Já não vais lá há muito tempo? Está na mesma! Não há diferença alguma.” Esta nossa Ilha podia e devia ser uma mais-valia para os Açores e para o País. Mas como, se cada vez se fazem lá menos escalas técnicas? Investimentos, onde estão eles?
“Não há dúvida de que uns são filhos e outros enteados!” – comentam alguns. Todavia, observações como esta não nos levam a lugar algum, nem tampouco contribuem para minimizar esta situação injusta.
Há, sim, que tomar medidas palpáveis! Exigir que os marienses sejam olhados e tratados com os direitos que lhes pertencem e acabar, uma vez por todas, com toda esta incúria.
Um abraço.
margarida
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