sábado, 7 de janeiro de 2012

O grupo do Áudio Visual e o leite derramado

Quando o Projeto de Resolução do CDS/PP que propunha a criação de um “Grupo de Trabalho para Definir o conceito de Serviço Público de Áudio Visual na Região foi apresentado, votado e aprovado na ALRAA, só a Representação Parlamentar do PCP votou contra. O PS, o PSD e o CDS/PP votaram a favor e o BE absteve-se.
A notícia da comunicação social regional foi, na altura, acrítica. Ao que parece toda a gente ficou satisfeita e ninguém (nenhum jornalista) se preocupou em tentar perceber o meu voto contra a criação do grupo.
Isto faz-me lembrar uma conversa que já há alguns anos, mais precisamente em Janeiro de 2008, mantive um Secretário Regional. Perguntava-me o ilustre Secretário Regional, qual era a minha opinião sobre um diploma que iria ser apresentado na ALRAA e, eu respondi, ainda não tenho opinião formada sobre o assunto. Preciso mais tempo de refletir. Ao que o membro do governo me respondeu – o mal dos comunistas é passarem muito tempo em reflexão.
Talvez seja! Mas a verdade é que sobre a criação do aludido grupo de trabalho ninguém refletiu a não ser, claro, o seu autor e a Representação Parlamentar do PCP. Não refletiram os partidos que viabilizaram o Projeto de Resolução e não refletiu a sociedade açoriana, designadamente quem agora, depois de conhecida composição do grupo de trabalho e as condições apresentadas pelo Coordenador, o Professor Doutor José Manuel Mendes, as critica e se apercebe dos perigos daquela Resolução.
Mas afinal quais foram as razões que me levaram a votar contra o Projeto de Resolução que o CDS/PP apresentou.

Hipótese A – Sou contra a criação do grupo de trabalho
Hipótese B – Não gosto do Professor Doutor José Manuel Mendes
Hipótese C – por o Projeto de Resolução ser da autoria do CDS/PP
Hipótese D – Por o Projeto de Resolução ser vago nos seus objetivos específicos e transferir para o Coordenador do Grupo amplos poderes que escapam ao controle democrático da ALRAA

Se escolheram a hipótese D acertaram, basta verificar o Diário das Sessões” para conhecerem os argumentos que sustentaram o meu voto contra, aliás sou um adepto da criação de um grupo de trabalho para o efeito, não tenho nada contra o Professor José Manuel Mendes (no período de reflexão que dediquei ao assunto conheci o seu CV – está disponível na net) a quem reconheço grande competência científica, já votei diversas iniciativas resolutivas e legislativas do CDS/PP, bem como iniciativas de todos os partidos com assento parlamentar mas, no caso vertente votar a favor daquele Projeto de Resolução era, assim, como passar um cheque em branco.
Agora que o cheque começou a ser preenchido, eis senão quando, o PS estrebuchou e manifestou-se um certo mal-estar na sociedade açoriana.
Nada como dedicar algum tempo à reflexão e a tentar compreender as diferentes posições de cada um dos agentes políticos para evitar males maiores.
O grupo está criado e nem mesmo a posição de força do PS (ato de contrição) demoveu o coordenador do grupo de trabalho a dar continuidade ao trabalho pelo qual está mandatado pela ALRAA.
Pela ALRAA porque, a partir do momento da sua aprovação, deixou de ser do CDS/PP e passou a ser da Região e à Resolução estamos todos vinculados.
Legitimidade para criticar as escolhas do Professor José Manuel Mendes todos os cidadãos a têm mas, em bom rigor, o Coordenador do Grupo de Trabalho tem toda a legitimidade para nomear o seu grupo de colaboradores. Legitimidade que lhe foi conferida pelo texto resolutivo aprovado, na ALRAA, pelo PS, pelo PSD e pelo CDS/PP, com a abstenção do BE e o voto contra do PCP.
Apesar do conselho do ilustre Secretário Regional irei continuar a ter o “mau hábito” de refletir sobre as decisões política que assumo. Só assim posso diminuir a margem de erro. E como qualquer mortal cometo muitos erros.

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