segunda-feira, 21 de julho de 2008

Transportes

O assunto é recorrente, mas a sua importância social e económica justificam esta reflexão que não pretende mais do que ser isso mesmo: uma reflexão. Reflexão sobre um sector que é de primordial importância para o desenvolvimento de uma região com as características geográficas dos Açores. E direi geografias, pois não é apenas a condição de afastamento dos continentes, nem a dispersão arquipelágica ou a diminuta área territorial, mas também a sua população e a sua economia.
Mesmo não atendendo ao facto de que a tendência é para a subida continuada do petróleo e pela crise instalada, mas também e quiçá, sobretudo, por já se ter atingido o designado “pico petrolífero da produção”, reconhecido pelas principais empresas que comercializam os derivados do “ouro negro”… Como dizia, mesmo não considerando o contexto mundial, a política regional para os transportes tem, urgentemente, de ser revista, isto é, se ela existe, pois às vezes tenho algumas dúvidas da sua existência.

Não é aceitável, sem qualquer pretensão de menorizar o transporte aéreo e a sua importância para ligar internamente a Região e para ligar a Região com o Mundo (aliás, a SATA tem esse papel a cumprir e, como tal, deve ser objecto da atenção de todos os açorianos, pois por enquanto ainda é uma empresa de capitais exclusivamente públicos, ou seja, é dos açorianos) que os transportes na Região e mesmo para o exterior estejam, como estão, tão dependentes do transporte aéreo.
As ligações marítimas têm um lugar por ocupar no sector do transporte de passageiros. Aliás, é para muitos de nós e para quem nos visita incompreensível que uma região arquipelágica como a nossa não disponha de uma rede de transportes marítimos de passageiros, com a frequência adequada às necessidades e que funcione durante todo o ano, de modo a constituir-se como alternativa e complemento ao transporte aéreo de passageiros e mesmo de mercadorias, pois a capacidade instalada ou gestão que dela se faz, não serve os interesses de desenvolvimento harmónico da Região.
Um olhar descomplexado, mas necessariamente integrado sobre a problemática dos transportes e o desenvolvimento de um novo paradigma é, ou deveria ser, uma prioridade da política regional.
E é de medidas de política que o sector dos transportes necessita. Politicas públicas que equacionem todas as variáveis e que, sobretudo, considerem a coesão e o desenvolvimento sustentado da Região.
A visão puramente empresarial e da competitividade global não se adequa, nem se compadece com as necessidades de desenvolvimento da Região, nem com as suas especificidades.
A visão empresarial tem como objecto a satisfação de interesses que nem sempre ou quase nunca coincidem com o interesse público.
Aos representantes do povo açoriano, aos actuais e aos que vão ser eleitos em Outubro, cabe a defesa do interesse público neste, como noutros sectores estratégicos da economia regional.

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

Recordar é votar!
Espero bem que o povo açoriano, em Outubro, não se esqueça do investimento em betão implementado pelo nosso governo. Foi esta a sua e única prioridade, em vez de se centralizar e investir o dinheiro que é nosso noutros sectores estratégicos da economia regional como bem referes, no combate à pobreza e na Saúde para Todos. Esta continua a ser um privilégio de alguns e, como se isso não bastasse, ainda temos de receber uma factura “amigável” e quiçá, ir agradecer pessoalmente o favor que nos prestaram por nos terem facultado a assistência a que temos direito.
Atitudes como esta são uma vergonha, uma afronta e um atentado à dignidade do ser humano.
Silenciar é compactuar!
Beijinhos.