segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Regresso lento mas solidário

A viagem de retorno do Corvo às Flores foi por via marítima e envolta na solidariedade de que só as pequenas comunidades são capazes.
Não havia meio de sair do Corvo pois o avião “não passa” todos os dias e, incompreensivelmente, não existe (esperemos que por pouco tempo) uma carreira marítima que ligue diariamente as ilhas do Corvo e Flores.
Compromissos na Graciosa exigiam que me deslocasse para as Flores a tempo do avião que me havia de levar para S. Miguel, Terceira, S. Jorge e… finalmente Graciosa.
A Ana Brasil que me tinha esperado no Corvo já tinha providenciado o transporte por via marítima de modo a que pudéssemos seguir viagem. Não fosse o compromisso e teria ficado de bom grado mais uns dias no sossego daquela ilha.
Quando cheguei ao porto de Vila Nova do Corvo, exíguo para as necessidades e a pedir requalificação, lá estava a lancha “Estrela” com Mestre Jorge Ana ao leme e o Rui Pedras a coadjuvar.


Depois de embarcar a bagagem lá fomos entrando para a “Estrela”. Eu, a Ana Brasil, o Pedro Estácio e os filhos Micaela e Ruben que, não abdicaram de nos fazer companhia na travessia do canal que liga as ilhas ocidentais e até que o avião levantou das Flores rumo a S. Miguel.
Tinham-me informado, uns momentos antes, de que o mar estava bom e que o Mestre Jorge Ana era um bom marinheiro. O que, digamos, para um ser que foi criado no interior continental, embora seja um apaixonado pelo mar, foi uma informação que me deixou “aliviado”, pois o dia estava cinzento e, ao que sempre ouvi dizer naquele profundo canal a vaga parece que nunca mais acaba.
A viagem demorou cerca de 55 mn. O mar não estava mau mas… sentei-me à popa com as duas mãos a procurar a segurança do banco e de um apoio a estibordo. Nem a água que a quilha da “Estrela” a momentos atirava no ar e vinha cair aos salpicos sobre mim me fizeram levantar, nem desgrudar as mãos do amparo a que me tinha estribado logo no início da viagem.
Ao aproximarmo-nos das Flores a vaga modificou-se pela “abrigada” de terra e aí levantei-me para entrar no Porto das Poças, em Santa Cruz das Flores, com pose de grande marinheiro.

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

Temos MARINHEIRO!!!
Agarrado à popa com as duas mãos e a procurar a segurança do banco e de um apoio a estibordo, mas o que interessa é que te portaste muito bem.
E, como não podia deixar de ser, chegaste ao Porto das Poças… de pé e em grande pose! Só mesmo tu, Aníbal!
Agora, tenho pena de que ninguém te tivesse tirado uma foto, durante o percurso. Enganei-me, desculpa, queria dizer à chegada…
Beijinhos.