Depois deste período de afastamento voluntário estou de regresso para continuar a partilhar opinião sobre o nosso quotidiano “glocal” e, mormente, perdoem se vos pareço pretensioso, a contribuir para a reflexão crítica do que nos envolve e conforma as nossas vidas, aliás à poucos dias aconteceu um desses momentos únicos em que a oportunidade esteve nas nossa mãos. As opções feitas individualmente no recato das assembleias de voto ditaram a conformação do nosso futuro próximo.
Os resultados eleitorais do passado determinaram, não sei bem o quê uma vez que estou a escrever quando faltam 3 dias para as eleições legislativas, não tenho dons premonitórios e, como tal, não arrisco qualquer vaticínio. Quanto ao que gostaria que se viesse a verificar não vale a pena sequer tecer quaisquer considerações pois julgo que os meus desejos eleitorais são do domínio público e esta foi, apenas, mais uma das muitas batalhas políticas que travei na luta incessante por uma sociedade mais justa e solidária.
A campanha eleitoral para as legislativas foi recheada de ruídos, estrategicamente introduzidos, para beneficiar eleitoralmente os partidos que desde o 1.º governo constitucional têm, alternadamente, governado o País e a Região. Os eleitores assistiram à discussão do acessório com claro prejuízo para a essência dos projectos políticos provocando, quiçá ardilosamente, o empobrecimento do debate político e o confronto de ideias. Ficam, todavia, os registos de promessas feitas e compromissos assumidos. Promessas e compromissos que os cidadãos têm obrigação de exigir que sejam rigorosa e escrupulosamente cumpridos. Exigência e vigilância que deve ser exercida desde já e ao longo do mandato que agora foi conferido aos novos deputados e ao governo que vier a ser empossado. A democracia pratica-se todos os dias. É assim como o treino dos atletas de alta competição, ou se treinam todos os dias com dedicação e empenhamento ou os resultados nunca serão bons, nem sequer aceitáveis.
A democracia portuguesa tem vindo a definhar por falta de exercício. Exercício dos direitos de cidadania e de participação política e, com essa demissão estamos a colocar em perigo a própria liberdade individual. Os sintomas do cerceamento e estiolamento da liberdade individual emergem sussurrados na precariedade que caracteriza as relações laborais ou, no avisado conselho de um colega que nos diz: olha que aqui trabalha um familiar de um assessor de fulano ou sicrano, por isso o melhor é estares quedo e mudo.A participação política e o exercício pleno da cidadania não podem reduzir-se ao acto de ir ou não ir votar. A participação política e o exercício pleno da cidadania tem de se tornar uma prática diária e entrar no nosso modo de vida. A democracia precisa de ser alimentada pela intervenção cívica e a liberdade é uma luta que se conquista todos os dias não é um bem perene.
Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, Ponta Delgada, 02 de Outubro de 2009
Os resultados eleitorais do passado determinaram, não sei bem o quê uma vez que estou a escrever quando faltam 3 dias para as eleições legislativas, não tenho dons premonitórios e, como tal, não arrisco qualquer vaticínio. Quanto ao que gostaria que se viesse a verificar não vale a pena sequer tecer quaisquer considerações pois julgo que os meus desejos eleitorais são do domínio público e esta foi, apenas, mais uma das muitas batalhas políticas que travei na luta incessante por uma sociedade mais justa e solidária.
A campanha eleitoral para as legislativas foi recheada de ruídos, estrategicamente introduzidos, para beneficiar eleitoralmente os partidos que desde o 1.º governo constitucional têm, alternadamente, governado o País e a Região. Os eleitores assistiram à discussão do acessório com claro prejuízo para a essência dos projectos políticos provocando, quiçá ardilosamente, o empobrecimento do debate político e o confronto de ideias. Ficam, todavia, os registos de promessas feitas e compromissos assumidos. Promessas e compromissos que os cidadãos têm obrigação de exigir que sejam rigorosa e escrupulosamente cumpridos. Exigência e vigilância que deve ser exercida desde já e ao longo do mandato que agora foi conferido aos novos deputados e ao governo que vier a ser empossado. A democracia pratica-se todos os dias. É assim como o treino dos atletas de alta competição, ou se treinam todos os dias com dedicação e empenhamento ou os resultados nunca serão bons, nem sequer aceitáveis.
A democracia portuguesa tem vindo a definhar por falta de exercício. Exercício dos direitos de cidadania e de participação política e, com essa demissão estamos a colocar em perigo a própria liberdade individual. Os sintomas do cerceamento e estiolamento da liberdade individual emergem sussurrados na precariedade que caracteriza as relações laborais ou, no avisado conselho de um colega que nos diz: olha que aqui trabalha um familiar de um assessor de fulano ou sicrano, por isso o melhor é estares quedo e mudo.A participação política e o exercício pleno da cidadania não podem reduzir-se ao acto de ir ou não ir votar. A participação política e o exercício pleno da cidadania tem de se tornar uma prática diária e entrar no nosso modo de vida. A democracia precisa de ser alimentada pela intervenção cívica e a liberdade é uma luta que se conquista todos os dias não é um bem perene.
Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, Ponta Delgada, 02 de Outubro de 2009
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