A passagem de um aniversário é sempre motivo de celebração e quase sempre de júbilo. Assinalar os 15 anos de vida do periódico “Terra Nostra” não pode ser só um mero acto de comemoração de mais um ano que se soma à sua existência, a celebração deve constituir motivo de regozijo, desde logo, para a organização que o acolhe e para todos quanto tornam possível a sua aparição nas bancas mas, sobretudo, para quem encontra nas suas páginas o elo de ligação à sua terra, à sua ilha e à sua região.
A introdução das artes tipográficas que permitiram a publicação dos primeiros periódicos nos Açores ficou a dever-se ao Duque de Palmela que adquiriu, em Plymouth, os equipamentos necessários para instalar a primeira tipografia na região (Angra do Heroísmo).
A imprensa teve, desde o seu aparecimento, um papel importante na democratização do acesso à informação e na difusão de ideais. Nos Açores o aparecimento do primeiro periódico – Chronica da Terceira, Fevereiro de 1829 – está directamente relacionado com o contexto político que caracterizava Portugal nessa época e à estratégia que os partidários de D. Pedro adoptaram para conquistar a opinião pública para a sua causa.
Após este período muito particular e fortemente ligado à consecução de um objectivo político muito específico a imprensa ganhou nos Açores, num curto espaço de tempo, uma dimensão e pujança assinaláveis e, como sabemos, são açorianos os mais antigos periódicos que se publicam em Portugal.
Em S. Miguel nos finais do século XIX existiam em S. Miguel 50 tipografias, tinham sido fundados 147 periódicos e a edição de livros teve o seu início em 1850.
O “Terra Nostra” é um dos herdeiros desta história da imprensa regional que se mantém bem viva e actuante, desempenhando um papel insubstituível na difusão de informação e contribuindo para o debate e para o confronto de ideias.
Neste 15.º aniversário do “Terra Nostra” para além de deixar os meus calorosos cumprimentos e os parabéns a todos quantos o tornam possível gostaria, também, de formular votos para que este projecto possa continuar a sua caminhada de afirmação regional sem, no entanto, perder a matriz que esteve na sua génese e que lhe confere identidade e espaço no panorama da imprensa regional. Este apelo às raízes não é, de todo, incompatível com uma estratégia de expansão e de procura de novos públicos que os suportes das novas tecnologias de informação hoje possibilitam. A globalização abre caminhos para afirmação do particular, do específico, do diferente, ou seja, a tendência uniformizante que está associada à globalização abre um espaço privilegiado ao “glocal” e ao peculiar.
Aníbal C. Pires, IN Jornal Terra Nostra, ed. especial comemorativa do 15.º aniversário, Maio de 2010
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