Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires |
Não duvido que a maioria dos cidadãos portugueses até saiba o que se comemora a cada dia de feriado, já não tenho a mesma certeza se conhecem o que lhe está na origem. Amanhã (hoje) comemoramos o Dia do Trabalhador, Certo. Mas porquê no 1.º dia do mês de Maio e não num qualquer outro dia, de um qualquer mês do nosso calendário. No primeiro de Dezembro comemoramos a Restauração, Sim é verdade, mas o que é que foi restaurado e porquê a necessidade de restaurar, neste caso a independência nacional.
Serão minudências, Talvez. Mas estas minudências podem fazer toda a diferença entre valorizar ou desvalorizar alguns dos dias que pela sua importância e simbolismo ascenderam a um estatuto diferente do comum dos dias. Todos gostamos dos feriados, não trabalhamos, ou se tivermos de o fazer somos, na generalidade, compensados por isso. Mas estes dias são muito mais do que um dia de descanso ou de compensações pecuniárias. Estes são dias que fazem parte da nossa história enquanto povo, são dias, como o 1.º de Maio, que fazem parte da história da humanidade e que se relacionam com conquistas civilizacionais.
Foto by Aníbal C. Pires |
A próxima “tolerância” já foi anunciada pelo Governo da República, relaciona-se com a vinda do Papa Francisco às celebrações do centenário das “aparições” da Nossa Senhora aos pastorinhos. “Tolerância de ponto” já envolta em apaixonadas discussões na opinião pública nacional. Não tenho muito que dizer sobre esta decisão, mas sempre direi que esta “tolerância de ponto” não tem justificação. Não pelo Papa Francisco em si mesmo, que me merece todo o respeito, mas por tudo o que significa esta espúria ligação entre o Estado e a Igreja, designadamente com um dos aspetos mais contestados da igreja católica portuguesa. E por aqui me fico no que à questão das “tolerâncias de ponto” diz respeito e, em particular a esta.
Preocupa-me, isso sim, as razões que estão associadas ao desconhecimento das causas que estão na origem da celebração dos feriados nacionais. Isso sim é preocupante e leva-me a pensar o quão seria importante o ensino da história ao longo de todos os ciclos de ensino pré-universitário, não só da história como também da geografia. Não é possível entender o Mundo em que vivemos e todas as transformações que foram ocorrendo ao longo de milénios sem aceder ao conhecimento destas duas áreas do saber. Mas isto sou a idealizar um certo modelo de Escola, ou seja, nada que seja verdadeiramente importante.
Ponta Delgada, 30 de Abril de 2017
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 02 de Maio de 2017
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