quarta-feira, 28 de junho de 2017

O peido que foi sem o ser

Imagem retirada da Internet

Vejo conteúdos de televisão que eu próprio seleciono, ou seja, evito a escória informativa e opinativa, o lixo das tarde e manhãs da Júlia, da Fátima e outros quejandos, tenham lá o nome que tiverem, desporto e cinema vou vendo conforme a disponibilidade, mas ainda assim não o faço através dos canais de televisão, a minha opção são os conteúdos disponibilizados pela internet, ou seja, sou fã do streaming. Não ocupa espaço no disco e permite-me ver e ouvir aquilo que me dá na real gana.

Não vi o concerto solidário de ontem, mas a profusão de notícias e comentários sobre o anunciado e não concretizado ato do Salvador Sobral levou a que procurasse ver e formar opinião própria e, lá fui. O Youtube, mas não só, disponibiliza o momento e o contexto.

Vi e lamento. Não o que o Salvador Sobral disse e não concretizou.


Lamentável foram os aplausos que se lhe seguiram. Os aplausos resultam do estranho facto de aquele público estar disponível para exaltar sob a forma de gritinhos e palmas, muitas palmas, tudo o que o Salvador, em palco, fez e não fez. O Salvador, em minha opinião, ao dizer o que disse, mais não quis do que demonstrar que o público não tinha, nem critério, nem gosto musical, apenas estava ali a venerar o ídolo em que ele se transformou.

E o público aplaudiu. A reação do público essa sim é lamentável e deveria ser objeto de uma profunda reflexão no âmbito da psicologia social.


Mas aquele público percebeu, horas depois, o seu erro e sentiu-se vilipendiado, e hoje tratou de crucificar o ídolo que ontem, sem se peidar, peidou-se para o acriticismo reinante.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 28 de Junho de 2017 

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