Imagem retirada da Internet |
Vejo conteúdos de televisão que eu próprio seleciono, ou
seja, evito a escória informativa e opinativa, o lixo das tarde e manhãs da
Júlia, da Fátima e outros quejandos, tenham lá o nome que tiverem, desporto e
cinema vou vendo conforme a disponibilidade, mas ainda assim não o faço através
dos canais de televisão, a minha opção são os conteúdos disponibilizados pela
internet, ou seja, sou fã do streaming. Não ocupa espaço no disco e
permite-me ver e ouvir aquilo que me dá na real gana.
Não vi o concerto solidário de ontem, mas a profusão de
notícias e comentários sobre o anunciado e não concretizado ato do Salvador
Sobral levou a que procurasse ver e formar opinião própria e, lá fui. O
Youtube, mas não só, disponibiliza o momento e o contexto.
Vi e lamento. Não o que o Salvador Sobral disse e não
concretizou.
Lamentável foram os aplausos que se lhe seguiram. Os aplausos
resultam do estranho facto de aquele público estar disponível para exaltar sob
a forma de gritinhos e palmas, muitas palmas, tudo o que o Salvador, em palco,
fez e não fez. O Salvador, em minha opinião, ao dizer o que disse, mais não
quis do que demonstrar que o público não tinha, nem critério, nem gosto
musical, apenas estava ali a venerar o ídolo em que ele se transformou.
E o público aplaudiu. A reação do público essa sim é
lamentável e deveria ser objeto de uma profunda reflexão no âmbito da
psicologia social.
Mas aquele público percebeu, horas depois, o seu erro e sentiu-se
vilipendiado, e hoje tratou de crucificar o ídolo que ontem, sem se peidar, peidou-se para o acriticismo reinante.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 28 de Junho de 2017
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