Aníbal C. Pires (Horta, 2013) by Carlos Pires |
É este o ensinamento que retiro da vida e obra de Álvaro Cunhal e que reencontro em tantos rostos, em tantas vidas no Partido que era o seu Partido, neste Partido que é o meu Partido, neste Partido que é o Partido de muitos de nós.
Um Partido onde acima de tudo sonhamos. Somos sonhadores desmedidos que sonham um mundo sem exploradores nem explorados. Um mundo onde a liberdade de sonhar e de trabalhar para realizar os próprios sonhos seja a regra para todos os seres humanos. Um mundo mais equilibrado, mais justo, um mundo mais feliz.
Este é o sonho que os comunistas de hoje partilham com incontáveis gerações que vieram antes de nós. Este é o sonho que partilhamos com milhões de homens e mulheres de todo o mundo e a raiz da fraternidade que nos une, fraternidade que dizemos de maneira tão bonita no calor humano da palavra “camarada”. Este é o sonho que partilhamos com Álvaro Cunhal, camarada de sonho e de luta para o realizar.
Aprendemos com Álvaro Cunhal a ser sonhadores militantes, pois sabemos, aprendemos, que quando a dureza da vida nos rouba a capacidade de sonhar, de ver um futuro diferente do presente que nos impõem, perdemos algo essencial. Um homem sem sonhos, um homem sem nada porque lutar, nunca será um homem livre.
Álvaro Cunhal pelo traço de Siza Vieiera |
A esses, aos que querem perpetuar o seu poder sobre uma massa de explorados dóceis, direi e dizemos, como o Álvaro sempre disse, “Não! Aqui sonhamos! E lutamos e lutaremos para tornar os nossos sonhos realidade!”
Este sonho partilhado com Álvaro Cunhal é importante, mas é sobretudo um sonho útil. É, afinal, a condição dos nossos esforços e trabalhos. É por causa desse sonho que não nos deixamos ficar em casa, no ativismo do sofá e das redes sociais, descansados e vamos para a rua, ao lado das populações e dos trabalhadores, juntar-nos aos que sonham como nós, para unidos lutar, agir, transformar o Mundo e a vida.
Com Álvaro Cunhal aprendi, aprendemos muito, aprendemos que uma das mais importantes tarefas tem de ser a de ajuntar as vontades dos homens, tal como Baltazar Sete-Sois e Blimunda Sete-Luas, no romance de Saramago.
Ponta Delgada, 13 de Junho de 2017
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 14 de Junho de 2017
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