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Não tinha grande expetativa sobre a este contributo pois a família política a que a deputada pertence é, não só uma das responsáveis pelas políticas que estão na origem do elevado desemprego, mas também pela sua manutenção. Sem grande expetativa, mas ainda assim fui à procura da intervenção, não fosse haver alguma novidade no discurso do Partido Popular Europeu (PPE). Mas não, nada de novidades apenas a repetição de um conjunto de princípios, com os quais até posso concordar, contudo insuficientes para resolver uma questão que se está a transformar num drama para milhões de jovens no espaço europeu.
Formação, estágios e oferta de emprego. Estamos de acordo senhora deputada e, também subscrevo que a principal finalidade da utilização indevida dos estágios se destina a mascarar os números do desemprego, assim como considero que neste “tripé” existe um profundo desequilíbrio. Existe formação, existem variadíssimos programas de estágio e de mobilidade para os jovens, mas a oferta de emprego não acompanha procura. Pois é senhora deputada, mas também não é com mais e diferenciada formação, embora os modelos de formação necessitem de reformulação, que a oferta de emprego vai aumentar, nem a precariedade vai diminuir.
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A evolução científica e tecnológica permitiu e vai continuar a permitir, na generalidade das atividades económicas, a redução do número de trabalhadores. Era expetável e desejável que os avanços científicos e tecnológicos produzissem esse efeito, bem assim como essas transformações tivessem repercussões na redução dos horários de trabalho e na idade limite para a aposentação, o que não veio a acontecer. Ou melhor, desta mudança de paradigma apenas beneficiou o capital reduzindo a variável custo do trabalho. Para os trabalhadores não sobrou nada, bem pelo contrário em simultâneo foram introduzidas alterações que levaram à desregulação do mercado de trabalho, ao aumento do número de horas de trabalho semanal e da idade da reforma e, por conseguinte, as ofertas de emprego volatizaram-se, quer se trate de trabalho indiferenciado, quer se trate de trabalho qualificado.
Estamos a deixar para trás um ciclo prolongado de retração económica e o clima no espaço europeu é favorável ao crescimento, naturalmente a oferta de emprego terá tendência a subir, mas enquanto não se encarar como parte da solução para o problema do desemprego a divisão equitativa, entre o capital e o trabalho, dos ganhos resultantes da evolução científica e tecnológica o problema vai subsistir e não há iniciativa para o emprego jovem que nos valha.
Ponta Delgada, 29 de Janeiro de 2018
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 31 de Janeiro de 2018
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