Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2018) by Madalena Pires |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105FM
Hoje fica o texto da crónica emitida a 11 de Novembro de 2017 que pode ser ouvida aqui
O Justo Equilíbrio
Reuni alguns dados sobre vários assuntos para hoje partilhar consigo. Diferentes temáticas todas elas mais ou menos interessantes, atuais e relevantes conforme o ponto de vista e o gosto de cada um de nós.
A Web Summit, a redução da taxa do desemprego, a qualidade e o rendimento do trabalho o Orçamento Geral do Estado, mas também as propostas de Plano Anual e Orçamento da Região Autónoma dos Açores para 2018, o espúrio anúncio do encerramento do IMAR e do fim da rota da Azores Airlines que liga a Terceira a Madrid, ou ainda da realização, hoje mesmo, do Azores Challenge Trail para daí partir para a importância da atividade física na preservação da saúde, ou seja, na promoção do nosso bem estar físico e psicológico.
Tudo isto e mais outros tantos tópicos faziam parte das minhas notas para este nosso encontro semanal.
Tudo arrumadinho e pronto para iniciar esta nossa conversa quando me veio à lembrança que hoje é dia de S. Martinho. Coloquei os apontamentos de lado, ficarão para uma outra oportunidade, e decidi-me, espero que seja do seu agrado, por partilhar consigo uma breve reflexão que escrevi no passado mês de Agosto à qual dei o título “O justo equilíbrio”.
Temos sentimentos que nos alegram ou entristecem e, provocam-nos bem ou mal-estar consoante a sua natureza.
Os sentimentos induzem o pensamento e o comportamento. Por outro lado, as emoções são, segundo alguns pensadores, uma forma radicalizada que os sentimentos podem assumir.
E o que é levado ao extremo pode induzir comportamentos irracionais. Todos temos consciência, uns mais outros menos, de comportamentos ilógicos. Todos, de uma forma mais ou menos intensa, já nos comportámos fora do que seria desejável e benéfico para nós, ou seja, fomos, em algum momento, irracionais. A emoção sobrepôs-se a outros fatores que deveriam ter mediado a ação e, por consequência o comportamento.
Não interessa tanto se os outros assim o observaram, embora os outros também devam ser considerados, afinal não vivemos sozinhos mesmo que possamos não ser muito sociáveis ou que, pura e simplesmente, os outros, não nos importem. O que levado ao extremo pode resultar por escolher ficar à margem, optar pela autoexclusão.
Não tenho nada contra os eremitas, até admiro a sua capacidade de viverem sós e afastados, ou pelo menos, reduzindo as suas relações sociais ao essencial, mas não a considero uma decisão razoável para mim, embora passe muito tempo comigo mesmo.
Ir atrás das emoções pode ser caótico. As emoções afastam a racionalidade do comportamento. Racionalidade que sendo, no meu dicionário de sinónimos, calculismo, frieza e insensibilidade, ou mesmo a ausência de sentimentos não pode, porém, deixar de ser considerada num dos pratos da balança quanto determinamos o que fazer, o que dizer, ou como optar. No outro prato da balança deve estar, sempre, a emoção.
É no justo equilíbrio entre a razão e a emoção que se encontram as melhores decisões, sejam as decisões do momento e aparentemente inócuas, sejam as decisões que afetam de forma irreversível o nosso futuro.
Tenha sentimentos, mas não corra atrás das emoções.
Apaixone-se. Mas ame, sobretudo, ame desmedidamente
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 11 de Novembro de 2017
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