terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

... do desacordo

Foto by Madalena Pires (2017)





Excerto de texto a publicar na imprensa regional e no blogue momentos






(...) Eu gosto dos dias assim. Sim, dos dias cinzentos de brumas e dos dias plenos de luz a refletir o azul tranquilo do mar e do céu e, a exibir uma luxuriante abundância de verdes a escoarem-se pelas encostas escarpadas sobranceiras às fajãs ou, a trepar pelas vertentes dos picos e caldeiras onde repousam antigos vulcões e lendas submersas nas águas das lagoas.
A contemplação do naturalmente belo é um lenitivo para a alma, mas nem só destas mercês são feitos os dias, nem eu me posso dar ao luxo de ficar a usufruir dos dias assim, sejam plenos de luz ou de neblinas a entrar pela soleira da porta. 
Bem que gostava de fazer do meu tempo aquilo que me der na real gana, mas não posso. Alguém, num tempo não muito longínquo, se encarregou de me subtrair um direito que constava no clausulado do meu contrato de trabalho como servidor público. Afinal o Estado não é uma pessoa de bem. O Estado pela mão de quem o tem representado alterou as regras e não me perguntou se eu estava de acordo, e eu não estava, Nem estou. (...)

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