quinta-feira, 15 de março de 2018

Cansado das câncios e admirando as mulheres que lutam

Marielle Franco (imagem retirada da Internet)
Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro e militante do PSOL foi assassinada, na noite de 14 de Março pp, com ela foi também assassinado Anderson Pedro Gomes. O alvo era a Marielle, mas nem por isso o nome de Anderson deve ser obliterado.
Fica a minha homenagem à mulher e ativista de esquerda, fica a minha homenagem ao Anderson, fica a minha homenagem e o reconhecimento a todos quantos, no Brasil e no Mundo, lutam por um Mundo melhor.



Rita Rato (imagem retirada da Internet) 
Uma das primeiras publicações que li, numa rede social, sobre o assassinato de Marielle foi a de Rita Rato e que transcrevo:
Há duas semanas escrevi n' A Visão sobre a mutilada "democracia" brasileira. Hoje, pelas piores e mais tristes razões, a realidade é implacável.
Primeiro foram camponeses do Movimento dos Sem Terra, depois dirigentes e activistas sindicais, ontem uma Vereadora do Rio de Janeiro. 
Marielle Franco seria relatora da comissão parlamentar sobre a intervenção militar no RJ.
Toda a solidariedade e força aos amigos e povo do Brasil.”

Fernanda Câncio (imagem retirada da Internet)

Outra das publicações, nas redes sociais, que tive oportunidade de ler sobre o assunto foi a de Fernanda Câncio que passo a transcrever:
“marielle era mulher, negra, feminista, política de esquerda, corajosa na denuncia da violencia de estado, nascida na favela e gay. o jackpot do ódio de direita. quatro tiros na cabeça. nao ha como negar o simbolismo desta execuçao. o brasil entrou num novo patamar esta madrugada.”



Dilma Rousseff (Imagem retirada da Internet)

Mais tarde li a publicação de Dilma Roussef sobre o assassinato de Marielle Franco que diz assim:
“Tristes dias para o país onde uma defensora dos direitos humanos é brutalmente assassinada. Lamento e repudio a morte da ativista Marielle Franco, vereadora pelo PSOL, e de Anderson Pedro Gomes, seu motorista.” 


Não vos vou maçar com mais citações. Gostaria, contudo, que atentassem ao que distingue as publicações de Rita Rato e Dilma Rousseff da publicação de Fernanda Câncio. Dir-me-ão que a publicação de Fernanda Câncio é mais completa. Para além de ser uma mulher de esquerda, o que se percebe nas 3 publicações. Marielle era negra, era feminista, era gay, e nasceu numa favela.
Não se tratando de uma notícia, nem do obituário, nem de uma nota biográfica diria que a Fernanda Câncio enfatizou 2 aspetos, dou-lhe os outros 2 de barato, que para o caso são irrelevantes, ou melhor, podem induzir algum ruído desnecessário para a essência da questão. Marielle nasceu numa favela e era gay. Isto é, mais ou menos, como ao referir-me a Fernanda Câncio, dizendo que é uma jornalista e cronista com evidente notoriedade na sociedade portuguesa, e depois acrescentar, que foi namorada de José Sócrates ou, quiçá, sua acompanhante ocasional. Para quê. Quero lá saber da vida privada da Fernanda Câncio, ou da orientação sexual de alguém. É irrelevante. Pelos vistos, para algumas(uns) notáveis jornalistas e cronistas da nossa praça, Não é.
A singeleza e rigor das publicações de Rita Rato e Dilma Rousseff a centrarem-se na essência. Fernanda Câncio a perder-se nos acessórios.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 15 de Março de 2018

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

O que está aqui em causa não é a orientação sexual ou a vida privada de quem quer que seja, como dizes e muito bem. O que está aqui em causa é o impedimento à livre expressão, o amordaçar, a repressão e tudo isto culminando no assassínio duma Mulher que o mal que fez foi lutar pela defesa dos direitos humanos e isso só pode produzir uma grande revolta, indignação e uma sede enorme de gritar bem alto e com convicção que há que põr termo a tanta afronta, crueldade e injustiça. Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade e à cidadania plena. Liberdade! Igualdade! Fraternidade!, o grito contagiante da Revolução Francesa que mudou a face do mundo, mas que já foi esquecido por muitos, infelizmente. O povo não dorme, mas passa, a maior parte do tempo, por muitas madornas, infelizmente. Um abraço.
Margarida