Ahed Tamimi (Imagem retirada da Internet) |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105FM
Hoje fica o texto da crónica emitida a 30 de Dezembro de 2017 que pode ser ouvida aqui
De vítima a agressora
Ao longo destas semanas tenho abordado vários temas, mas julgo que, ainda em nenhum destes momentos que tenho partilhado consigo, lhe trouxe qualquer assunto da política internacional.
Alguma vez teria de ser, pois se bem se lembra no promocional que antecedeu estas crónicas radiofónicas tinha ficado o compromisso de que tudo, mas mesmo tudo aqui poderia ser abordado, sem tabus.
O assunto que trago hoje é complexo e sem fim à vista, aliás desde a minha meninice que o ouço ser tratado nos noticiários, nem sempre de forma imparcial, e tem-se perpetuado no tempo apesar das Resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a questão.
Ahed Tamimi (imagem retirada da Internet) |
Uma jovem de 16 anos que desde criança, ao lado da família e com outras crianças e jovens se tem manifestado e oposto à presença dos colonatos judeus e do exército colonizador foi presa. Foi presa durante a noite, e está a ser julgada por um tribunal israelita. A jovem de seu nome Ahed Tamimi foi presa com mais 2 outras mulheres da sua família, uma delas a própria mãe, e está acusada de vários crimes de entre os quais a agressão a dois soldados israelitas. E de facto agrediu dois soldados judeus com pontapés e socos, o vídeo está por aí disponível no youtube para quem o quiser visionar.
Importa, contudo, contextualizar esse acontecimento para entender a agressão da jovem Aehd Tamimi aos dois soldados israelitas. A jovem vive numa pequena localidade de 500 habitantes cercada por colonatos judeus, os soldados encontravam-se no pátio da casa onde vive com os pais e o incidente deu-se depois dos soldados terem disparado sobre um jovem primo da adolescente palestiniana.
Esta contextualização é relevante pois quem visionar o vídeo não entende o comportamento da jovem e a passividade dos soldados.
Ahed Tamimi (imagem retirada da Internet) |
Ahed Tamimi é já um novo ícone da resistência palestiniana à ocupação e colonização que Israel, com o apoio dos Estados Unidos, tem levado a cabo na Palestina, mas a sua prisão e acusação não tem, inexplicavelmente, merecido um amplo movimento internacional de repúdio e condenação de mais este atentado de Israel contra jovens palestinianos.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 06 de Janeiro de 2017
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