Foto by Aníbal C. Pires |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105FM
Hoje fica o texto da crónica emitida a 03 de Fevereiro de 2018 que pode ser ouvida aqui
Arrepiar caminho
Esta semana David Neelman veio a público, em nome da TAP, anunciar a intenção, mais ou menos esperada, da transportadora aérea que já foi nacional, iniciar no próximo Verão ligações para os Estados Unidos a partir dos Açores.
Nada, como disse, que não fosse esperado.
Mas o momento e a oportunidade em que o patrão da TAP veio a terreiro não são inócuos. Como se sabe o Governo regional está a preparar a entrada de capital privado na SATA Internacional ou, se preferir na Azores Airlines. Isto abdicando da sua recapitalização com capitais públicos solução, não só possível como desejável, que garantiria a permanência da empresa no domínio público.
A prazo a privatização da SATA Internacional/Azores Airlines, à semelhança do que aconteceu com outras empresas públicas regionais e nacionais, vai ter repercussões sociais e económicas negativas na Região.
Deixe-me recordar-lhe que a privatização do Banco Comercial dos Açores, banco regional público, transformado em Banif Açores, depois só em Banif e depois, Bem e depois volatilizou-se. Enfim a estória é conhecida e os prejuízos para a Região e para os particulares também. Mas e sem qualquer esforço de memória atente-se à privatização da ANA, aeroportos de Portugal, ou dos CTT, para me referir apenas a duas empresas públicas que após a sua privatização levaram ao aumento do custo dos serviços e, no caso dos CTT, para além do aumento do tarifário, a uma notória quebra da qualidade dos serviços prestados que tem levado os utentes a manifestações de grande descontentamento.
Mas deixe-me retomar o fio à meada. Do que tem vindo a público sobre o interesse de investidores privados na aquisição dos tais 49% do capital social da SATA sabe-se que a TAP, ou o próprio David Neelman são potenciais concorrentes.
O anúncio feito por David Neelman, como lhe disse, não é inócuo e pretende introduzir ruído na tal entidade a que chamam mercado.
Foto by Aníbal C. Pires |
David Neelman, como se sabe, é um abutre financeiro e não deixa esse crédito por mãos alheias. Assim, e face ao contexto que está a ser criado, o Governo regional deveria, que outras razões não assistissem à razão, o Governo regional deveria, como dizia, suspender o processo de alienação parcial do capital social da SATA e procurar outros caminhos para a viabilização da empresa mantendo-a no domínio público.
A SATA não precisa ser privatizada, a SATA necessita de ser recapitalizada com recurso a ajudas de Estado e, sobretudo, necessita de uma estratégia comercial sob pena de não fazerem sentido alguns dos investimentos que já voam por aí.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 03 de Fevereiro de 2018
2 comentários:
já me convenceu a segui-lo devido a contactos anteriores.
com este post fiquei assinante das suas crónicas "aeronáuticas".
ao que parece, anda a "pregar sózinho".
uma pena
e mais pena me faz o que andam a fazer á Sata, que realmente, não merecia.
cumptos
antónio godinho
Meu caro António Godinho
Obrigado pelo seu comentário.
E tem razão a SATA podia e devia ser uma coisa bem diferente.
Mas a opinião pública regional está conformada e o poder executivo está, assim, liberto para continuar a fazer o que muito bem entende.
Abraço e obrigado
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