sábado, 7 de abril de 2018

Do Brasil a Sidney - crónicas radiofónicas




Do arquivo* das crónicas radiofónicas na 105FM 

Hoje fica o texto da crónica emitida a 13 de Janeiro de 2018 que pode ser ouvida aqui





Do Brasil a Sidney

Como eu, também deve ter acompanhado o que esta semana se passou no Brasil com a decisão sobre o recurso judicial de Lula da Silva. O tribunal de 2.ª instância não só confirmou a pena como a agravou. E era este o assunto que tinha em mente para partilhar hoje consigo. Sendo uma questão polémica e objeto de muita manipulação sentia-me na obrigação de vir a terreiro tentar introduzir alguns dados que permitam, pelo menos, uma reflexão para lá dos lugares comuns regurgitados nas corporações mediáticas. Mas depois de ler a crónica da Alexandra Lucas Coelho no portal sapo 24, resolvi ficar apenas pelo aconselhamento da sua leitura, por duas ordens de razão, A saber:
1.ª - a Alexandra Lucas Coelho não é uma perigosa comunista e, segundo aquilo que a própria afirma, se vivesse no Brasil nem sequer seria votante do PT;
2.ª – A Alexandra Lucas Coelho conhece melhor do que eu a realidade brasileira e, não só, mas também por isso, as suas palavras têm um valor muito diferente das que eu poderia, por mais convincente e elaborada que fosse a minha argumentação, partilhar consigo.
Deixo no site da 105FM, onde pode ouvir e ler esta crónica, a ligação para o texto da Alexandra Lucas Coelho. Não deixe de ler. Garanto-lhe que é interessante. (Aqui)

Imagem retirada da Internet
Agora que fiquei sem assunto que tal vir comigo até Sidney, na Austrália, onde se está a disputar uma competição mundial de râguebi feminino.
Não sabia, Então a televisão não disse nada, os jornais e as rádios também não, mas isso configura discriminação de género e ninguém diz nada, ninguém faz nada.
Não estou apenas a ser irónico. O desporto para as corporações mediáticas é pouco mais do que futebol e, só se for no masculino. Em Portugal o desporto no feminino só é notícia quando alguma atleta ou equipa se destacam internacionalmente, e isto não é ironia é um facto. É lamentável, pois é.
A viagem até Sidney serviu apenas de mote para introduzir a questão da discriminação que a cobertura jornalística generalista e especializada faz ao desporto no feminino, mas também à maioria das modalidades desportivas. Quem segue com atenção os noticiários desportivos dar-me-á razão. Pode até considerar que face à popularidade do futebol e às preferências pessoais é aceitável que assim seja, mas não deixa de ser verdade que o futebol, no masculino, hegemoniza os conteúdos dos noticiários desportivos.
Confesso que o futebol nunca foi a modalidade da minha predileção. Desde criança sempre preferi, quer como praticante quer como espetador, outras modalidades desportivas, contudo sempre fui adepto de um clube cuja equipa de futebol admirava e com a qual vibrava. Atualmente é-me indiferente, não tanto pela modalidade desportiva em si, mas pelas transformações que se operaram no seu modelo organizacional, hoje não são clubes são empresas, e pela forma como o futebol é noticiado, comentado, e dissecado em intermináveis programas radiofónicos e televisivos.
É insuportável todo o circo mediático instalado à volta de uma modalidade desportiva que vale por si mesmo e não necessitava, para ter sucesso, como aliás sempre teve, de tantos e, por vezes, ridículos programas e programinhas radiofónicos e televisivos.
Eu sei. Não é uma opinião lá muito popular e com opiniões destas não vou longe, mas na verdade eu também não quero ir a lado nenhum, sinto-me bem aqui.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 2018

(*) Esta crónica aborda, na sua primeira parte, uma questão que já teve desenvolvimentos e está longe do seu fim. Mantém no entanto atualidade que no que diz respeito ao Brasil, quer quanto ao assunto que aborda na segunda parte.

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