quarta-feira, 11 de abril de 2018

É alegado, mas já há certezas - Síria

Colin Powell - imagem retirada da Internet
Nos últimos dias a comunicação social e as redes sociais reproduziram mais uma das produções “cinematográficas” dos “White Helmets/Capacetes Brancos” sobre a Síria. O tema não é novo, os métodos também não e, a credibilidade desta organização é a mesma que me merecem os seus financiadores. A projeção no Ocidente foi feita pela comunicação social que já nos habituou às “fakenews” e que está a construir um “fakeworld”. Mas nada disto seria possível sem a ajuda dos serviços de inteligência franceses, ingleses, estado-unidenses e israelitas que, comprovadamente têm estado a apoiar o terrorismo na Síria, Sim porque a guerra na Síria não é feita por rebeldes opositores ao regime, o que não significa que não exista oposição na Síria, a guerra na Síria é feita por mercenários islamitas, mas não só, e poucos terão a nacionalidade síria. Como se sabe depois da destruição da Líbia a atenção da NATO, dos Estados Unidos e dos seus aliados voltou-se para a Síria e um grande contingente de mercenários fundamentalistas islâmicos foi transferido para a Síria.
E tudo isto é preocupante, muito preocupante quando temos governos do Mundo Ocidental a promoverem fakenews, aliás não é necessário fazer um grande esforço de memória para nos lembrarmos que Colin Powell, Secretário de Estado da Administração de George Bush, em 5 de Fevereiro de 2003, fez um discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, em que pretendeu demonstrar a existência de armas de destruição massiva nas mãos do Presidente iraquiano Saddam Hussein. A certeza de Powell era tanta que chegou a agitar perante o Conselho um frasquinho com o que dizia ser uma amostra de armas químicas iraquianas proibidas. Mais tarde, quando os EUA reconheceram a inexistência de tais armas, Powell reconheceu também que o discurso ficara como uma "nódoa duradoura" no seu currículo. Não me preocupa a nódoa no currículo de Colin Powell, preocupam-me os milhares, os milhões de mortos e refugiados que a encenação de Colin Powell provocou, preocupa-me que os países europeus tenham acompanhado os Estados Unidos neste logro mundial.
O suposto ataque químico em Guta Oriental estava previsto e faz parte de um plano que permita ganhar o apoio da opinião pública mundial para uma intervenção militar sobre Damasco do triunvirato França, Inglaterra e Estados Unidos que tem executado o plano delineado pelos falcões do Pentágono e da NATA, desta vez sem subterfúgios nem interpostas organizações terroristas, o energúmeno que reside na Casa Branca, anunciou de imediato. E se cumprir o seu anúncio feito pelo “Twitter”, estará para acontecer, nas próximas horas, o bombardeamento a um país soberano. Isto sem estar provado, primeiro a existência de ataque com armas químicas, segundo a ser provada a existência de um ataque com armas químicas, é necessário apurar o seu autor, aliás estas encenações e acusações não acontecem pela primeira vez sem que, no entanto, se tenha provado que o ataque foi feito pelas tropas sírias.
Mas nada disto é novo. A diplomacia Russa e Síria, em sede das Nações Unidas, com base na recolha de informação dos serviços de inteligência destes dois países, já tinham denunciado que iria ter lugar uma encenação pelos grupos terroristas que ainda ocupam uma zona de Guta Oriental. Por outro lado, este novo episódio não está, de todo desligado, das acusações da Inglaterra à Rússia, sobre o ataque de que foi feito a um antigo espião russo e à sua filha, em Salisbury, com um agente tóxico, o “novichok” de origem russa (desenvolvido ainda no tempo da URSS). A Inglaterra acusou, mas como se sabe nem os serviços de inteligência de Sua Majestade, nem os laboratórios conseguiram ligar o ataque e a proveniência do agente tóxico à Rússia.
Os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, mas também a Arábia Saudita e as restantes monarquias do golfo não perdoam à Rússia, isto para além de outras questões, a derrota infligida ao DAESH/Al-Qaeda/Al-Nusra, ou lá como se quiserem denominar os grupos terroristas que promoveram a guerra na Síria. Antes do apoio militar russo à Síria o terrorismo ganhou posições e ocupou território sírio, apesar da intervenção dos Estados Unidos e dos seus aliados, com a entrada da Rússia, esta assim a acertar no alvo, o DAESH ou Estado Islâmico, ou qualquer outra das designações porque são conhecidos os terroristas que atuam na Síria, desmoronou-se.

Quase a finalizar este escrito chegou a seguinte notícia:
"Primeira-ministra britânica marca reunião para delinear ação militar na Síria após alegada utilização de armas químicas no país.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, convocou para esta quinta-feira uma reunião extraordinária do seu Gabinete com o objetivo de aprovar um plano de intervenção militar na Síria.
A notícia é avançada pela Sky News, segundo a qual o governo britânico se prepara para participar numa força tripartida liderada pelos Estados Unidos e que conta também com a França."

Só posso ficar preocupado. Theresa May não é diferente de Donald Trump, assim como Tony Blair, Aznar e Bush não o eram quando, nas Lajes e também com alegadas suspeições, decidiram invadir o Iraque. Agora as suspeições são sobre a Síria e a Rússia e se a Síria, assim como o Iraque não tinham grande poderio militar, com a Rússia não é bem assim e a China ainda não se pronunciou. Ou seja, o cenário internacional está ao rubro e a qualquer momento pode acontecer uma calamidade que não se confinará apenas à Síria.

Aqui fica o testemunho de uma missionária católica sobre a questão Síria. 

Não deixem de ver e talvez os ajude a perceber que a história que nos têm contado talvez não seja bem assim

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 11 de Abril de 2018

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